A Câmara dos Deputados, conseguindo escapar dos seus péssimos momentos, aprovou na última terça-feira um projeto de lei de grande importância. É o que cria a ?guarda compartilhada?, na qual os pais separados têm as mesmas obrigações e responsabilidades sobre a vida dos filhos, sem a complicada decisão (geralmente do juiz) de quem vai assumir a guarda das crianças ou jovens.

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Como informa a Agência Brasil, ?haverá a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe, que não vivam sob o mesmo teto. Esse tipo de guarda poderá ser fixada por consenso ou por determinação judicial. A proposta estabelece que a guarda unilateral ou compartilhada poderá ser requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou qualquer um deles, em ação autônoma, de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar?.

Em resumo, se não houver consenso na decisão (se pai e mãe não se acertarem e quiserem a guarda dos filhos), o juiz dará preferência ao compartilhamento. E não só em casos futuros, mas mesmo em decisões passadas, que poderão ser revistas. Tudo visando o bem-estar das crianças.

Às vezes, os pais nem se lembram dos filhos neste momento. A seqüência irritação-discussão-

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briga-divórcio é cruel para as crianças, que sofrem ao ver suas duas principais referências (muitas vezes as únicas) se digladiando antes, por motivos fúteis; depois, pela guarda deles. É um processo delicado, que quase sempre é levado da pior maneira possível.

E que acarreta uma tristeza que não tem fim para crianças – que se transformam em adultos que deixam até de acreditar no amor. A guarda compartilhada pode permitir que os filhos fiquem com o que há de melhor na relação com os pais (carinho, afeto, respeito, educação) e esqueçam o que aconteceu de pior. Depende, claro, de altivez dos casais separados.

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Mas daria um alento às crianças, que a cada dia são menos crianças. Recebem pressões de adultos, são vestidos como adultos, estudam como adultos, vêem TV como adultos. Mas são crianças, com tamanho de crianças, desejos de crianças, sonhos de crianças.

E toda uma formação a ser feita, que não pode ser prejudicada por comentários banais.