Minutos antes de embarcar para um novo tour pelo Oriente Médio, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse que os Estados Unidos não pretendem ampliar o conflito no Iraque através da confrontação de grupos iranianos operando no país. A chefe da diplomacia americana iniciará neste sábado um giro pela conturbada região com o objetivo de conquistar apoio à nova estratégia americana para a guerra. O tour também incluirá uma tentativa de aproximar palestinos e israelenses em uma nova iniciativa para a paz.
As declarações vieram depois que senadores americanos expressaram preocupação quanto à dura advertência de George w. Bush em relação à Síria e o Irã, durante seu pronunciamento à nação na última quarta-feira. No discurso, em que anunciou um incremento de mais de 20 mil soldados no contingente militar americano que está no Iraque, o presidente alertou os dois países para que não interfiram no conflito – o que criou especulações sobre uma eventual ampliação do guerra para além das fronteiras sírias e iranianas. Além disso, na quinta-feira, seis iranianos foram presos por forças americanas no norte do Iraque.
Apesar de negar uma eventual ampliação do conflito, Condoleezza apoiou o pedido do presidente Bush para que as tropas executem missões de busca e destruição contra grupos suspeitos de construírem bombas para uso no Iraque. "Não há escalada, há boa política", disse secretária à rede britânica BBC.
Ainda assim, a Condoleezza insistiu que os Estados Unidos não deixaram o Irã e a Síria continuarem suas operações dentro do território iraquiano. "Eu não acho que haja um governo no mundo que deixaria os iranianos formarem redes dentro do Iraque para construir bombas de alta performance para serem usadas contra seus soldados", disse ela.
No ano passado, um influente relatório conduzido pelo ex-secretário de Estado James Baker recomendava à administração Bush que inicie negociações com o Irã e a Síria para encontrar uma solução para o Iraque.
Plano B
Ao mesmo tempo, Condoleezza não quis detalhar qual seria a alternativa caso a estratégia apresentada por Bush – que além do envio de mais tropas prevê a ampliação dos investimentos na reconstrução do país – não funcione. Outra característica do plano inclui uma maior participação das forças de segurança do Iraque na abordagem à questão da violência.
"Nós iremos aproveitar a oportunidade para ver se (a estratégia) está ou não funcionando, e se os iraquianos estão cumprindo suas obrigações."
Além dos congressistas democratas – e de alguns republicanos -, a maioria dos americanos já não apóia a guerra ou a maneira como Bush está lidando com ela, indicaram pesquisas de opinião publicadas ao longo da semana.
"O que irá convencer os americanos de que o plano terá bons resultados são mudanças no campo de batalha", disse Condoleezza. "Nenhuma pesquisa mudará enquanto não houver nada a ser mostrado.
Apoio regional
A administração Bush pretende contar com o apoio do primeiro-ministro Iraquiano, Nuri al-Maliki, para que o plano para acabar com a violência sectária em Bagdá, anunciado na quarta-feira, tenha efeito.
Na sexta-feira, o presidente procurou conquistar apoio regional para sua estratégia através de ligações para o rei da Jordânia, Abdullah II, e ao presidente egípcio, Hosni Mubarak. Condoleezza visitará os dois líderes, além de Arábia Saudita e Kuwait, nos próximos dias.
A viagem da secretária de Estado americana também incluirá uma tentativa de reaproximar israelenses e palestinos em uma nova iniciativa pela paz na região. No entanto, ela admitiu que não está viajando com um plano para pro fim ao conflito.
"Acredito que qualquer plano americano está fadado a falhar", disse ela. "Os Estados Unidos não irão conseguir isso sozinhos. É preciso ter vozes de facções moderadas dos palestinos, como a de Abu Mazen (como é conhecido o presidente palestino Mahmoud Abbas)". E tem que haver uma voz israelense também.