A imprensa argentina repercute neste domingo (29) a realização do segundo turno das eleições no Brasil com amplo destaque. Os principais jornais publicam reportagens de seus correspondentes e enviados especiais, como o "Página 12", que publicou uma entrevista exclusiva com Luiz Inácio Lula da Silva. "O presidente brasileiro garante que aprendeu com seus erros e dedicará um segundo mandato a melhorar a distribuição de renda e desenvolver uma política exterior independente, em aliança com o Mercosul", estampa em sua capa.
"A dependência não é amiga da soberania", diz Lula ao jornal. Indagado sobre suas maiores frustrações nos últimos quatro anos, Lula respondeu "que estamos satisfeitos porque foram muitos mais êxitos que fracassos". Mas "quando algo não funcionou como esperávamos em um primeiro momento, foi discutido internamente e com a sociedade e corrigimos e aperfeiçoamos as ações políticas".
Lula também destacou que a política externa de integração do Mercosul "nunca foi prioridade nos anos de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que é do mesmo partido que meu adversário. Essa não foi e não será a política do PSDB. Nosso governo, ao contrário, continuará dando ênfase , como o temos feito, à integração sul americana e ao diálogo Sul-Sul".
O jornal "Clarín" destaca a "ampla vantagem a favor de Lula, que busca a reeleição". Mesmo antes de se votar, no Brasil "já se respira o ar do dia seguinte", diz o jornal. "Nos bastidores, os comentários são de que os social-democratas, como aves de rapina já estão despedaçando seu candidato, Geraldo Alckmin, tal o nível de derrota que se espera", destaca. Entre o PT, em compensação, "há clima de frescor de recomeço".
Do ponto de vista do Clarín, "a percepção é que estariam dadas as condições para que Lula inicie um segundo mandato vigoroso: chega com uma grande diferença de votos, depois de ter vencido as ferozes investidas dos grupos (mídia e empresários) mais poderosos do Brasil".
Clarín também publica um artigo exclusivo de Lula intitulado: "o Brasil tem a menor desigualdade em décadas". O candidato-presidente afirma "não ignorar as dificuldades que a luta pelo desenvolvimento impõe ainda na vida de milhões de cidadãos e cidadãs, em especial os mais humildes. Mas chego ao final do mandato presidencial com a firme convicção de que materializamos uma parte significativa das esperanças do povo na vida do nosso país".
O "La Nación" titula que "Lula vai por mais quatro anos no poder" e destaca que os brasileiros "votam hoje pela quinta vez desde o retorno da democracia". O jornal situa o leitor sobre a região nordeste, onde se encontra a "chave da vitória anunciada" de Lula.
O semanário "Perfil" marca a grande diferença entre Lula e Alckmin: a política exterior. "A agenda diplomática é um dos poucos assuntos em que os dois candidatos expõem divergências tangíveis", ressalta o jornal. Enquanto Lula defende a integração Sul-Sul, Alckmin é pró-Alca.
