Editorial do Financial Times de hoje pede aos mercados “uma chance ao Brasil e a Lula”, lembrando que o petista está muito próximo de ser eleito presidente. O jornal alerta para “o perigo de eles (os mercados) estarem reagindo exageradamente”.
Embora saliente que não se pode subestimar os riscos para o Brasil com uma eventual vitória de Lula – “A conversão de Lula à política social-democrata do estilo europeu e o seu comprometimento com os pilares da estabilidade econômica, como metas inflacionárias, câmbio flutuante, são recentes”, afirma o jornal – o FT lembra que os governos do PT em várias cidades e Estados brasileiros têm provado ser “administrações pragmáticas, eficientes e limpas” e que “Lula poderá se mostrar muito mais eficiente do que se espera”.
O jornal também salienta que a vitória de Lula “não é inevitável” e caso ocorra um segundo turno, José Serra (PSDB) teria uma chance de relançar sua campanha. Pondera que “em várias frentes, a economia brasileira está melhorando” e lembra que o real desvalorizado já causou uma significante melhora na conta corrente e o déficit deverá cair para US$ 10 bilhões em 2003, comparado aos US$ 23 bilhões do ano passado.
Em Paris, a edição de hoje do Le Monde traz entrevista com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias, que confessa estar “otimista” em relação à eleição do candidato do PT. “Francamente, conheço Lula e as pessoas que o cercam e acredito que ele vai desenvolver uma política séria. Estou convencido que o mercado vai negociar com Lula. O Brasil é um país muito pragmático. As coisas vão caminhar bem.”
Para ele, a eventual vitória do PT não é o fator de maior preocupação no mundo econômico e financeiro no exterior. Aos poucos, explica, essa hipótese está sendo assimilada.
O ex-número 2 do Fundo Monetário Internacional (FMI), hoje trabalhando para o Citibank, Stanley Fischer, admite para o jornal francês, de forma discreta, os erros cometidos pela instituição: “Se as políticas desenvolvidas durante dez anos no Brasil com a benção do FMI e do Banco Mundial tivessem produzido resultados, permitindo melhorar o nível de vida dos brasileiros, Lula não seria tão favorito nas pesquisas”.