Para evitar a segunda derrota do ano na eleição para a presidência da Câmara, o PT tomou a decisão de retirar a candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (SP), em favor do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O esforço passa também pela desistência do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), e tal quadro confere certa consistência à idéia de que os partidos socialistas podem conquistar a presidência da Casa.
A eleição está marcada para a próxima quarta-feira, 28, sendo os demais candidatos os deputados José Thomaz Nonô (PFL-AL), Michel Temer (PMDB-SP) e Francisco Dornelles (PP-RJ), os três querendo abiscoitar o apoio do tucanato.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, o novato Henrique Fontana (RS), secretário municipal da Saúde na gestão de Raul Pont na Prefeitura de Porto Alegre, reafirmou o desejo da coalizão recém-estabelecida de construir o consenso da candidatura de Aldo Rebelo, com os partidos da base aliada.
Presume-se que a tarefa não seja fácil, vez que os partidos são PTB, PP e PL, cujos interlocutores mais diretos do Planalto eram os deputados Roberto Jefferson e o próprio Severino, além do vice-presidente José Alencar. Os dois primeiros renunciaram e o segundo está de volta ao PMDB.
Não se pode afirmar que Jefferson e Severino perderam o controle sobre as bancadas, mas é pouco provável que estejam a fim de mover uma palha pela candidatura ungida pelo situacionismo, tendo em vista o trato pouco amigável recebido do mesmo bloco que ora acena com um entendimento casuístico.
O PFL não abre mão de Thomaz Nonô, vice-presidente da Casa e parlamentar respeitado pelos pares. É o caso de Michel Temer, que já se sentou na cadeira da qual Severino viu-se espanado, sem a menor cerimônia.
A essa altura devem estar em franca atividade os grandes formadores de opinião no Congresso. Figuras do porte dos senadores José Sarney, Antônio Carlos Magalhães, Jorge Bornhausen e Renan Calheiros, além dos deputados Delfim Neto, Alberto Goldman e Jader Barbalho, sempre ativos quando há necessidade das tradicionais conversas de campanário.
Os paredros da social-democracia, reconhecidas vestais da política brasileira, em cima do muro, aguardam as ordens de Fernando Henrique.