O sistema público de educação no Brasil, apesar das loas constantes endereçadas ao ministro Paulo Haddad pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, festejando alguns êxitos reconhecidos, ainda carece de aprimoramento em muitas áreas. O boletim de notícias da BBC Brasil estampou uma reportagem sobre o Índice Global de Talentos (IGT), destacando os gargalos da educação como fatores restritivos do potencial brasileiro de produzir ou atrair profissionais talentosos nos próximos cinco anos.
A investigação foi conduzida por duas consultorias internacionais, a Economist Intelligence Unit (EIU), de Londres, e a Henrick&Struggles, de Chicago. O interesse de ambas as instituições justifica a inegável relevância do tema, confirmando também a premência da ampliação das discussões sobre qualidade da educação obrigatória, universidades de negócios, incentivos a jovens promissores e abertura do mercado de trabalho, entre outros itens.
Atualmente, conforme o levantamento, o Brasil ocupa a 23.ª posição num ranking de 30 países selecionados criteriosamente pelas empresas que realizaram a pesquisa, com base na representatividade regional e disponibilidade de indicadores. Assim sendo, o IGT mediu a capacidade de cada país de formar ou atrair jovens de talento e inteligência criativa, tendo em vista que a globalização aumentou o nível da procura e facilitou a mobilidade dos profissionais de alta qualificação.
Contudo, se o governo brasileiro não der conta de estancar a corrente negativa do setor educacional e, nesse particular, não estaria fora de propósito se referir tanto ao ensino público quanto ao privado, as perdas serão irreversíveis. Não havendo modificações sensíveis no cenário nos próximos cinco anos, em 2012 o Brasil terá perdido duas preciosas posições no ranking, caindo para o 25.º lugar entre os 30 países mais bem equipados para formar ou atrair talentos.
Um dos gargalos a remover, segundo a pesquisa, é a proporção de professores em relação aos alunos do ensino secundário. Enquanto o Brasil possui um professor para cada grupo de 22 estudantes, Estados Unidos e Canadá têm um professor para 14 alunos, e a Itália um para cada grupo de dez.
Os responsáveis pelo estudo frisaram que a situação brasileira não vai piorar nos anos seguintes, embora não escondam que o desenvolvimento não será tão rápido como em outros países. Na América Latina, Argentina e México superam o desempenho brasileiro.
