Em avaliação de banco alemão, Brasil ainda precisa de reformas

O diretor do Departamento de Pesquisa e Estratégia para Mercados Emergentes do banco alemão de investimentos Dresdner Kleinwort Wasserstein (DKW), Arnab Das elogia o esforço do governo Luiz Inácio Lula da Silva em reafirmar a continuidade da política econômica após a saída do ministro Antonio Palocci, mas alerta que a grande preocupação do mercado é se, reeleito, Lula terá força política suficiente para dar continuidade às reformas estruturais. No curto prazo, Das descarta riscos substancias para países emergentes, como o Brasil. A médio prazo, entretanto, o desafio das reformas não é só brasileiro, mas de vários países.

Além dos emergentes, Das ponderou que países da União Européia enfrentam o mesmo desafio. As manifestações e a greve geral na França evidenciariam essa necessidade. "O mundo mudou e os europeus têm mostrado pouca flexibilidade." A diferença entre os países emergentes e os ricos é que estes têm mais dinheiro em caixa. Para os emergentes, Das lista as reformas consensuais: tributária, previdenciária, da legislação trabalhista e fiscal.

"Quando as condições macroeconômicas estão boas, é difícil convencer os países a tomar decisões difíceis", disse Das. Enquanto as políticas macroeconômicas beneficiam toda a sociedade, ele admitiu que as reformas têm custos, já que mexem com interesses de grupos organizados e mais poderosos.

Apesar de apontar a necessidade de novas reformas, o diretor do DKW descarta a possibilidade de que os países emergentes como o Brasil enfrentem uma crise semelhante à do fim dos anos 90, quando o bom momento internacional chegar ao fim. Hoje, segundo Das, os emergentes estão muito mais preparados. "Quando as condições mudarem, nós não prevemos uma crise sistêmica."

Para Das, os países que terão mais dificuldades não serão necessariamente os emergentes. Serão aqueles com maiores necessidades de financiamento externo de curto prazo. Ele citou, como exemplo, a Hungria, a Islândia e a Nova Zelândia. Já o Brasil tem um nível de reservas internacionais e um balanço de pagamento confortáveis, o que reduz a vulnerabilidade do País a um ajuste.

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