Nos próximos dois anos, 41 pesquisas com células-tronco embrionárias e adultas ? retiradas principalmente da medula óssea e do cordão umbilical, entre outros tecidos ? deverão ser desenvolvidas em dez estados brasileiros.
Os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia pretendem liberar, ainda este ano, R$ 8 milhões para o financiamento dos projetos e mais R$ 3 milhões em 2006. O principal objetivo das pesquisas é verificar o potencial de uso terapêutico das células-tronco.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou, na terça-feira (30 de agosto), a lista completa com os projetos aprovados, disponível no site www.cnpq.br.
"Essa é uma área extremamente nova da pesquisa mundial, é uma área muito promissora, os resultados que têm sido obtidos no mundo inteiro são bastante importantes em diversas áreas da saúde e o Brasil tem tido uma posição de destaque nisso", afirma Manoel Barral, diretor de Programa Temáticos e Setoriais do CNPq.
Entre as propostas selecionadas, três envolvem estudos com células-tronco exclusivamente embrionárias, aquelas que têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo humano. Outros quatro estudos são relacionados a células adultas humanas e embrionárias, e os 34 restantes apenas com células-tronco adultas.
Os projetos foram escolhidos por meio de concorrência pública, cujo edital foi lançado em abril. No total, foram apresentados 106 propostas. O estado do Rio de Janeiro, onde serão realizados 14 estudos, foi o que teve o maior número de pesquisas selecionadas. Em seguida, São Paulo (12) e Rio Grande do Sul (6).
Já nos estados de Pernambuco e Paraná, serão feitas duas pesquisas, em cada um deles. Além desses, também serão desenvolvidos experimentos em Minas Gerais, Bahia, Goiás, Rio Grande do Norte e Santa Catarina (um em cada estado). A contratação dos projetos começa a partir do dia 5 de setembro.
O uso de células-tronco de embriões em pesquisas no Brasil foi permitido com a aprovação da Lei de Biossegurança, em março deste ano. Mas a lei estabelece algumas restrições, entre as quais a de que só podem ser utilizados embriões doados, com o consentimento dos pais.
Outra exigência é que os embriões precisam ser inviáveis ou congelados há pelo menos três anos contados a partir da publicação da lei. Além disso, a legislação proíbe o comércio desses embriões, manipulação genética e clonagens humana e terapêutica.
Os estudos devem ser desenvolvidos no prazo de até dois anos. Os recursos serão usados para custear as chamadas pesquisas básicas (experimentações in vitro), em fase pré-clínica (experimentos com animais) e clínica (experimentos em seres humanos).
De acordo com o diretor do CNPq, é difícil prever quando as tecnologias desenvolvidas pelas pesquisas estarão disponíveis para a população. Segundo ele, se as pesquisas andarem rápido, será possível ter resultados palpáveis dentro de três anos, mas o prazo pode ser maior.
"Se não houver nenhum problema com a tecnologia, se ela e suas promessas se cumprirem sem problemas, o resultado vai ser razoavelmente rápido em questão de dois ou três anos. Mas não se pode nesse estágio garantir isso porque é uma área muito nova no mundo inteiro, não há um passado que garante a possibilidade de um avanço muito rápido."