Brasília – O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, admitiu hoje (13) que a reação do Banco Central de elevar as taxas de juros a partir de setembro do ano passado foi necessária para conter o "surto inflacionário" provocado pela decisão do governo de cobrar impostos sobre produtos importados, como o PIS e a Cofins. O governo, segundo ele, deveria fazer um mea culpa e reconhecer que a medida deveria ter sido acompanhada de uma redução das alíquotas de importação, o que provocaria um aumento na oferta dos produtos e a conseqüente manutenção ou queda dos preços.
"Talvez devêssemos ter aproveitado esse momento para compensar o efeito da isonomia com os importados através de uma redução da proteção tarifária do País", disse Appy, durante seminário na Confederação Nacional da Indústria (CNI), para discutir a agenda microeconômica. "Perdemos esta oportunidade. É um mea culpa talvez por uma falta de clareza no momento", disse. Segundo Appy, esse é o principal foco de arrependimento quando ele olha um pouco do que foi feito. O secretário alertou, no entanto, que a pressão inflacionária da tributação dos importados não foi um fato isolado.
Ele lembrou que o País convivia com um ambiente de demanda aquecida e de aumento dos preços do commodities internacionais. Para Appy, o efeito do ajuste dos preços relativos em razão da mudança no PIS/Cofins já se completou, mas ainda existe espaço para redução das tarifas de importação.
Segundo o secretário, esse espaço pode ser aproveitado se houver a disposição de outros países de fazer concessões comerciais, não só nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas nas negociações bilaterais. Segundo Appy, esse espaço para a redução de tarifas será usado pelo Brasil como instrumento de negociação.
