Elevação da temperatura vai ?queimar lavouras?

Pesquisadores prevêem um aumento de até 5,8º Celsius sobre a temperatura da Terra para os próximos 100 anos. As conseqüências das alterações climáticas terrestres é tema do seminário Global Climatic Change (Mudança Climática Global), que integra a primeira Conferência Internacional de Agroenergia – Conae a ser realizada entre os dias 11 e 13 de dezembro em Londrina, norte do Paraná. Além do seminário, ministrado pelo pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Delgado Assad, doutor em agroclimatologia e sensoriamento remoto, serão realizados ainda 19 painéis e outras 7 conferências sob o tema ?A energia de um futuro bem presente?.

Foi realizada na semana passada, em Nairóbi (Quênia), a 12.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas, COP12, na qual líderes dos países comprometidos com o Tratado de Kyoto discutiram as conseqüências das mudanças climáticas sobre o planeta e o andamento das propostas do protocolo. Para Assad, a substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável – tema central da Conae – é uma das principais alternativas para o problema, já que a emissão excessiva de gás carbônico (CO2), proveniente da queima de combustíveis fósseis, é a maior responsável pela elevação da temperatura do planeta.

Um estudo realizado pela Embrapa em parceria com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, da Unicamp, aponta para a diminuição de até 75% da área cultivável de soja no Brasil, caso as previsões de aquecimento sejam efetivadas. Para o pesquisador e coordenador do estudo, a discussão é urgente de soluções. ?Se a temperatura terrestre realmente subir os 5º Celsius previstos, é possível que as áreas de cultivo de café, por exemplo, desapareçam nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Os impactos sobre as culturas agrícolas trarão grandes prejuízos para o país?, avalia.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda por energia deverá crescer 53% nos próximos 25 anos, sendo que  países em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil, serão responsáveis por 70% desta demanda. Nesse cenário, surge uma das mais promissoras possibilidades de negócios para o país. ?O Brasil é a maior potência em agroenergia do mundo, sendo o único com condições de mudar sua matriz energética. Com o investimento em pesquisas, certamente ele será um grande líder?, ressalta.

Catástrofes naturais

O seminário explicará também os últimos fenômenos naturais registrados no Brasil e no mundo. Entre eles, estão as secas ocorridas no Rio Grande do Sul, Paraná e Amazonas, esta, a pior em 80 anos, responsáveis por uma das maiores crises do agronegócio nacional já registradas. ?O aumento dos gases causadores do efeito estufa gerou um crescimento exponencial dos efeitos chamados de ?estresse? da natureza. Nunca tinha imaginado ver um ciclone como o que ocorreu em Santa Catarina recentemente?, afirma. Global Climatic Change abordará ainda as estratégias para solucionar os problemas mencionados, que vão desde a adoção de boas práticas na produção agrícola, até investimento em pesquisas e políticas públicas específicas.

Paralelo ao evento, haverá ainda a primeira Exposição e Feira de Tecnologia para a Geração de Energia Renovável e Alternativas Energéticas. O evento é voltado para engenheiros, arquitetos, pesquisadores, professores, fabricantes de veículos e máquinas, agricultores, entidades governamentais, organizações não governamentais, estudantes, ecologistas, economistas, jornalistas e formadores de opinião.

A iniciativa é da Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Paraná e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina, com a organização técnica da Embrapa, e apoio de universidades, Ministério da Agricultura, Ministério do Turismo, Embratur, Londrina Convention & Visitors Bureau, Itaipu Binacional, Universidade Tecnológica, Adetec, Confea / Crea, e Sociedade Rural do Paraná. 

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