Eletrobrás pode ter R$ 1 bilhão de crédito com Eletropaulo

O crédito da Eletrobrás contra a Eletropaulo pode chegar a R$ 1 023 bilhão por conta de pendências que se arrastam entre as empresas há vários anos. A estimativa é do chefe do departamento de contabilidade da holding estatal de energia elétrica, João Vicente Torres, em palestra nesta segunda-feira (2) para analistas da Apimec-Rio. De acordo com ele, a Eletrobrás lançou esse crédito no valor de R$ 350 milhões no balanço divulgado na semana passada, "por questão de conservadorismo em balanço", mas o valor efetivo seria três vezes maior.

A operação original de crédito vem desde a época de privatização da distribuidora de energia elétrica que atende a região metropolitana de São Paulo, mas há uma ação paralela para definir de quem é a dívida efetiva. "A Eletropaulo alega que a dívida, na verdade, seria da CTEEP", explicou Torres. A CTEEP foi uma das empresas desmembradas na época de privatização de parte dos ativos da CESP.

"Em fevereiro houve novo pronunciamento da Justiça e a Eletrobrás passou a considerar esse crédito como líquido e certo. Por isso, deixou de lançar o valor nas provisões e passou a considerar nas contas de resultados", explicou Torres. Isso, por sua vez, favoreceu o resultado de 2006. "Agora é uma questão de execução do crédito", complementou.

Em contrapartida, a empresa lançou outros R$ 350 milhões na conta de provisões por conta dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, reduzindo o lucro em valores equivalentes para 2006. Torres explicou que a mudança reflete a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) referente à contabilização desse tipo de investimentos.

A Eletrobrás fez outros ajustes nas suas contas para preparar a empresa para a elevação nos papéis negociados nos Estados Unidos do atual nível 1 para o nível 2 de ADRs (recibos de ações negociados nos EUA). O processo estava previsto para ser efetivado até setembro do ano passado, mas foi adiado devido às ressalvas pelos auditores fiscais nas contas de algumas empresas do grupo, especialmente Furnas. Segundo o técnico da Eletrobrás, o auditor de Furnas não aceitou o critério de contabilização da conta chamada RTE (revisão técnica extraordinária), que apura a compensação das empresas por conta do racionamento de energia elétrica em 2001/2. "Para evitar novas ressalvas, fizemos alguns ajustes contábeis nas contas das subsidiárias", comentou.

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