São Paulo – As empresas de energia elétrica registraram no período de janeiro a setembro deste ano o maior lucro desde 1999. Segundo levantamento da consultoria Economática com 24 companhias negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o ganho em 2005 atingiu R$ 6,6 bilhões – mais que o dobro dos R$ 2,9 bilhões apurados em igual período do ano passado. Com isso, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido anualizada subiu de 9,8% para 19,6%.
A explicação para resultados tão expressivos está nos bons reajustes de tarifas, no aumento do consumo de energia e na valorização do real ante o dólar, afirma o analista da corretora Ágora Senior Rafael Quintanilha. Segundo ele, além de influenciar o preço da energia comprada de Itaipu, cotada em dólar, a queda da moeda americana reduziu os níveis de endividamento.
De janeiro a setembro, a dívida do setor, boa parte atrelada à moeda americana, recuou R$ 4,4 bilhões, de R$ 43,5 bilhões para R$ 39,1 bilhões. Com isso as despesas financeiras caíram quase R$ 2 bilhões e impactaram positivamente o lucro líquido.
O crescimento do consumo de eletricidade também teve peso relevante nos ganhos do setor, argumenta o analista da consultoria Lafis Bruno Leite, especialista na área elétrica. De janeiro a agosto (último dado do governo), o uso de energia cresceu 5,2% em relação a igual período de 2004.
O setor comercial teve o melhor desempenho, com avanço de 7,7% no consumo, acompanhado pela classe residencial, 5,3%. Já na área industrial o crescimento foi um pouco menor, de 3,5%, resultado da desaceleração do setor.
Outro fator que explica o lucro das elétricas foi o bom índice de reajuste de tarifas. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a tarifa média no Brasil até julho havia subido 17,31%, de R$ 197,35 para R$ 231,52 o megawatt/hora (MWh). Com o processo de redução dos subsídios cruzados, o setor residencial teve um aumento médio de apenas 6,37% – compatível com os índices de inflação -, para R$ 287,72. Em compensação, o setor industrial teve reajuste de 29,71%, para R$ 177,84.