Salvador, 31 (AE) – Eleito prefeito da terceira maior cidade do País pelo PDT, o deputado estadual João Henrique Carneiro desembarca em Brasília nesta quarta-feira para “desencadear” o processo de aproximação entre seu partido e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de vencer o senador César Borges (PFL) com cerca de 70% dos votos da capital, selando a derrota do chefe do grupo carlista na Bahia, Antonio Carlos Magalhães, João Henrique quer se dedicar à governabilidade de sua futura administração.
“Temos compromisso com a população e a governabilidade passa, sem dúvida, pelo governo Lula”, resume o prefeito eleito. João Henrique não está sozinho nesta tarefa de convencer a direção nacional do PDT, sigla de oposição ao Palácio do Planalto, a liberar o apoio dos novos prefeitos pedetistas ao presidente Lula, para que possam contar com a parceria do governo federal no cumprimento de suas promessas de campanha.
“Conversei muito com o prefeito de São Luiz, Tadeu Palácios, e vamos reunir todos os eleitos pelo PDT para discutir esta questão nos próximos dias”, contou.
Nesta tarefa, ele também tem a preciosa colaboração dos dois ministros baianos: Waldir Pires, da Controladoria-Geral da União e Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. “A posição do PT é clara: a gente ajuda a eleger e também a governar”, resumiu hoje Jaques Wagner, que durante a campanha apresentou-se como “embaixador” do pedetista em Brasília.
Foi Wagner quem marcou as audiências que João Henrique terá em com três ministros: Olívio Dutra (Cidades), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Humberto Costa (Saúde). O périplo do pedetista pela Esplanada dos Ministérios deve incluir também o ministro Walfrido Mares Guia (Turismo). Segundo Wagner, porém, o principal compromisso de João Henrique – o encontro com Lula – pode ficar para a próxima semana, já que o presidente tem agenda de trabalho fora de Brasília na quinta-feira.
A proposta de parceria deve soar interessante ao Planalto, que agora passa a administrar as baixas em sua base de apoio no Congresso. Não bastassem as mágoas dos aliados, o governo também terá de lidar com a ira dos adversários atiçada pela campanha municipal. Com os votos dos carlistas no Senado, por exemplo, Lula não poderá contar mais. Quando João Henrique estiver aterrissando em Brasília, o senador César Borges estará subindo à tribuna para anunciar que vai assinar o requerimento em favor da abertura da CPI do caso Waldomiro Diniz, o ex-assessor do Planalto que presidiu a Loterj e foi flagrado cobrando propina de um empresário ligado ao jogo do bicho.
Na quinta-feira, quem vai ocupar a tribuna do Senado é ACM, que hoje engrossou a torcida contra o PT em todo o País e agora engrossará o tom de suas críticas contra o Planalto. Embora já tenha anunciado que não assinará a CPI do caso Waldomiro, o senador baiano adverte que emprestará apoio a qualquer outra proposta de investigação do governo Lula. As propostas de interesse do governo no Senado também serão cuidadosamente examinadas. “No caso das PPPs (as parcerias público-privadas), vou estudar o projeto com a visão do Tasso (Jereissati, senador tucano que faz restrições ao texto atual e se recusa a aprová-lo como propôs o governo)”.
Aos adversários que tentam debitar em sua conta a derrota de Borges, ACM adverte: “Já tentaram imputar derrotas a mim outras vezes, e eu os derrotei logo depois”.
Convencido de que “não há hipótese” de a coligação de 15 partidos que elegeu João Henrique produzir uma boa administração o senador baiano aposta que a “incompetência” da oposição para governar Salvador ficará clara muito mais cedo do que se imagina bem em tempo de o PFL realizar uma boa campanha para manter o governo do Estado em 2006. “Vamos fazer a coalizão da competência”, contesta o prefeito eleito, que se reúne esta semana com o conselho político da campanha para definir a como será a transição que vai estruturar um governo ágil e eficiente na capital.
Eleito em Salvador, João Henrique busca aproximação com Lula
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