Eleições são pano de fundo da nova briga da Argentina contra o Brasil

O pano de fundo do novo round da briga pública da Argentina contra o Brasil é o pleito parlamentar argentino deste ano, uma prévia das eleições presidenciais de 2007.

Esta é percepção do renomado professor de Relações Internacionais da Universidade Torcuato Di Tella, Sergio Berensztein.

"A política externa do presidente Néstor Kirchner sempre passa pela política local e, até agora, todos os enfrentamentos externos que teve, seja com os credores na reestruturação da dívida pública, seja com o Fundo Monetário Internacional (FMI), lhe renderam créditos juntos à população argentina", explica Berensztein.

Segundo ele, o endurecimento da postura oficial diante das negociações externas tem dado muito lucro político ao presidente Kirchner e à sua imagem junto ao eleitorado.

"Ser duro e brigão atrai os eleitores muito nacionalistas, com óticas tradicionais", afirma o professor. A decisão de Kirchner de tornar públicas as diferenças com o Brasil foi uma união do "útil com o necessário", conforme raciocínio do especialista.

Útil por causa dos votos que o presidente conquista para seus candidatos cada vez que trava uma briga com empresa, organismo ou país, como ocorreu com a Shell, o FMI e agora o Brasil, respectivamente.

Necessário porque a Argentina quer que o Brasil "pague o preço por ocupar o papel hegemônico de potência regional". Em outras palavras, isso significa que já é hora de o Brasil conceder privilégios à Argentina no que diz respeito ao comércio regional com o objetivo de equilibrar a balança entre os dois sócios.

O próprio secretário de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, Alfredo Chiaradia, admitiu à Agência Estado há poucos dias que a "Argentina quer que o Brasil escute suas necessidades, avalie e veja o que pode ser feito para atendê-las".

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