Eleições podem afetar investimentos empresariais em 2006

Rio – As incertezas provocadas pelas eleições do ano que vem poderão ser um risco para a projeção de crescimento de 6,6% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), rubrica que determina os investimentos empresariais. A estimativa de crescimento foi divulgada hoje (28) pelo Banco Central no relatório de inflação. As dificuldades para a concretização foram levantadas por analistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).

Para Julio Sergio Gomes de Almeida, do Iedi, a recente queda de 0,75 ponto porcentual na TJLP (de 9,75% para 9%) e os anúncios de aumentos de gastos do governo deverão garantir que os investimentos em infra-estrutura e em modernização de indústrias cresçam "um pouco" ou permaneçam no mesmo patamar deste ano em 2006.

Segundo ele, a redução dos juros (TJLP e Selic) e alguma folga na política fiscal seriam um poderoso estímulo para os investimentos, mas a incerteza política no ano eleitoral vai amortecer os efeitos positivos. A FBCF é calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos resultados do Produto Interno Bruto e refere-se a investimentos da construção civil e em máquinas e equipamentos.

Gomes de Almeida disse não acreditar que o ano que vem repita os problemas provocados pelas eleições de 2002, quando houve um forte movimento especulativo, mas ressalta que os empresários, com a memória das últimas eleições, poderão adiar investimentos de longo prazo, em infra-estrutura ou indústrias de base (papel e celulose, siderurgia). Por causa do "fator imponderável" para os investimentos que serão as eleições do ano que vem, o diretor do Iedi considera que há "uma dose de otimismo" na previsão do BC.

Eustáquio Reis, economista do Ipea, acha possível que os investimentos cresçam 6,6% – "não acho que seja tão otimista, seria razoável" -, mas alerta que 2006 será "um ano delicado" por causa das eleições. Ele também não acredita que o ano que vem repetirá a volatilidade de 2002, "mas sempre há alguma incerteza". No entanto, ele acredita que as políticas monetária e fiscal "mais folgadas" e a queda da TJLP poderão contribuir para estimular os investimentos no próximo ano.

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