Eleições 2006

Tem-se como certa a candidatura de Lula à reeleição. Como provável a de Serra ou de Alckmin pelo PSDB. Fernando Henrique Cardoso já disse e repetiu, com todas as letras, que não será candidato e até usou um argumento pouco comum entre os políticos. Disse que não é político profissional e que já está com 74 anos de idade. Portanto, não gastaria os últimos anos de sua vida fazendo um governo em que a idade não lhe permitiria administrar vigorosamente o País. Reconhece que está velho para mais uma nova empreitada e que é hora de renovação.

O PMDB ainda nada decidiu em definitivo, embora a executiva do partido tenha deliberado que vai ter candidato próprio. É um gigantesco partido, já foi o maior do Ocidente, mas exatamente por ser mais uma multidão que uma agremiação, tem parte que quer ficar no governo de Lula acompanhando a candidatura à reeleição do atual presidente, e outros que desejam que o partido se apresente aos eleitores com candidato próprio. Quem? Dúvida cruel, pois surge como preferido nas pesquisas, por enquanto, Garotinho, e em segundo lugar Rigotto, do Rio Grande do Sul. Nenhum deles representa uma candidatura com densidade nem para enfrentar Lula, nem Serra ou Alckmin.

A rigor, Lula não teria uma estrada pavimentada para voltar (ou ficar) na Presidência. Seria beneficiado com o fim da verticalização, já aprovada pelo Congresso. Mas há mais de um recurso no Supremo, para que a corte máxima do País declare inconstitucional a não-aplicação da verticalização no pleito do corrente ano. A Carta Magna diz que a lei deve ter pelo menos um ano de idade para vigir nas eleições de outubro. E a que termina com a verticalização é bebê ainda.

Nos meios políticos comenta-se que os projetos de Lula e do PT são a repetição da salada que foi a eleição anterior. Um acordo no plano federal em que coube de tudo: PT de esquerda com PP de direita com PTB de esquerda só na fachada e PC do B de esquerda. E, ainda, o direitista ou centrista PL.

Essa foi a fórmula que levou Lula ao poder no primeiro turno e, para que dela retirasse apoio parlamentar e político suficiente, foi preciso usar caixa 2 e mensalões ou que nome se queira dar ao dinheiro da corrupção, embora ninguém ouse dizer quem foram os corruptores.

A formação dessa estranha e esdrúxula aliança, responsável pela crise moral e política que ainda sacode o País, irá manter unidos homens que se digladiaram, se acusaram, mas esquecerão tudo por não resistirem aos apelos do poder. Será, por exemplo, um Roberto Jefferson de braços dados, de novo, com Lula e os que com ele ainda estão.

No mais, perduram empecilhos resolvidos de forma muito discutível no pleito passado, como o financiamento da campanha. Sozinho, o PT é um partido falido. Com os seus aliados, falida é a política nacional.

Não se pode esquecer, entretanto, que além da cobiça pelo poder que atrai como um poderoso ímã todas essas siglas, há ainda o tempo da propaganda política na TV e nas emissoras de rádio. Como no governo Lula há ministros de todos esses partidos, gente que nele permaneceu, apesar da crise, todos disporiam de muitos minutos para falar bem do governo Lula. Seriam horas e horas de propaganda política em favor da reeleição, pregando tudo o que o governo atual fez ou diz que fez. Ou deveria ter feito.

Enfim, as eleições deste ano parece que não serão muito diferentes do que os escândalos e a crise moral e política revelaram.

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