Londres, 1 (AE) – As eleições municipais brasileiras estão no foco da imprensa britânica, que vê a disputa como um importante termômetro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. A revista The Economist observa que as eleições serão “um teste para um Partido dos Trabalhadores mais rico, mais sofisticado”.
Segundo a publicação, apesar de o PT ter se transformando numa poderosa máquina partidária, poderá não obter uma vitória considerada decisiva. “O PT pode perder o maior prêmio, a cidade de São Paulo”, avalia.
Segundo a Economist, o resultados das eleições não afetará diretamente o governo Lula, mas terá repercussão nacional. “Qualquer coisa que se assemelhe a uma derrota desmoralizaria o partido e reforçaria a sua ala radical, que se opõe ao rigor macroeconômico de Lula.”
Analistas observam, na reportagem, que uma vitória poderia fortalecer o governo na implementação das reformas, como a autonomia do Banco Central. “A eleição municipal estabelecerá o palco para a segunda metade do mandato de Lula, que consistirá numa breve oportunidade para efetivar reformas sérias, um período que será sucedido pela corrida frenética que precederá a eleição geral de 2006”, prossegue a revista.
A Economist afirma que o PT será ajudado pela recuperação da economia e da popularidade de Lula. “Mas no Brasil eleições municipais se concentram em temas locais, personalidades e alianças. Embora o PT tenha uma vantagem no quesito organização, ele governa apenas três Estados pequenos”, ressalta. Segundo a revista, se o PT obtiver um bom resultado, “2005 poderá ser o ano mais produtivo de Lula na Presidência”.
Reeleição
O jornal Financial Times enfatiza que as eleições brasileiras são dominadas por temas locais, mas os resultados serão recebidos como “uma avaliação de Lula e de sua política econômica ortodoxa”. O diário financeiro observa que, “num país tão grande, os prefeitos são essenciais não apenas para implementar a política do governo federal, mas também para a provável tentativa de reeleição do presidente, em dois anos”.
O FT afirma que, antes de 2002, o PT já havia abandonado algumas de suas posições de esquerda, mas hoje “está levando o seu pragmatismo centrista a um novo nível”. O jornal observa que “marqueteiros profissionais começaram a substituir os militantes partidários”.
O diário avalia que a recuperação econômica e a melhora dos índices de aprovação do presidente realmente favorecem o PT nas eleições. “Ainda assim, com base nas pesquisas de opinião, o partido provavelmente ficará aquém do que alguns líderes gostariam de qualificar como uma segunda revolução do PT nas eleições.”