Eleição de coreano gera surpresa e suspeitas na OMS

A Organizacao Mundial da Saúde (OMS) tem um novo diretor: trata-se do coreano Jong Wook Lee, que venceu uma apertada eleição nesta terça-feira (28), em Genebra.

A escolha de Lee para liderar a entidade acabou se transformando, de certa forma, em uma derrota para o Brasil, que se apresentava como o principal promotor da candidatura do primeiro-ministro de Moçambique, Pascoal Mocumbi, para o cargo.

De forma inesperada, Mocumbi não recebeu nenhum voto dos países africanos e acabou longe da vitória. Inconformado com a derrota e a traição dos africanos, o primeiro-ministro de Moçambique estava abalado. O africano foi superado até mesmo pelo belga Peter Piot, diretor da Unaids.

O Brasil contava com Mocumbi para tentar transformar a OMS em uma entidade que pudesse ter um papel mais favorável aos países em desenvolvimento no que se refere ao acesso aos remédios essenciais para o combate à aids, malária e tuberculose, entre outros.

A atual diretora da OMS, Gro Harlem Brundtland, era acusada pelos países pobres de favorecer temas de saúde que eram de prioridade apenas dos países ricos. A escolha de Mocumbi, portanto, seria um contraponto à gestão de Brundtland.

Mas a vitória de Lee deixa uma incógnita sobre a posição que a OMS tomará no futuro sobre questões como o acesso aos remédios por países pobres, o desenvolvimento de programas para atender regiões menos favorecidas e a luta contra o lobby das grandes empresas farmacêuticas.

O Brasil chegou a realizar um coquetel para Mocumbi na embaixada do País em Genebra e fez intensa campanha pelo africano. Mas a votação mostrou que apenas os votos conseguidos pelo prestígio do Brasil é que foram dados à Mocumbi. Apesar de a eleição contar com um candidato mexicano, Venezuela e Cuba deram todo apoio ao Brasil e seu candidato africano.

?Nós não só apoiamos o candidato como na realidade fizemos campanha por ele, o que é inédito na diplomacia brasileira. Não me lembro de nos meus 37 anos de carreira que tenham em uma disputa dessa natureza participado da campanha?, afirmou o embaixador do Brasil em Genebra, Luis Felipe Seixas Correa, antes das eleições na OMS.

Segundo o diplomata, funcionários do governo brasileiro chegaram a ir a Moçambique para preparar o programa de Mocumbi. ?Para nós, era muito importante apoiar o Mocumbi porque ele é moçambicano, africano. Os problemas principais de saúde pública estão hoje na África. Além disso, o Brasil preside a Conferência dos Países de Língua Portuguesa e o Mocumbi é o primeiro lusófono da África que teria uma posição como essa?, disse Seixas Correa.

A surpresa da vitória de Lee foi tanta que, nos corredores da OMS, diplomatas insatisfeitos com o resultado acusavam o coreano  que é um especialista em saúde, de ter prometido cargos aos países que o apoiassem.

Além disso, as acusações também apontavam que ele teria prometido ajuda a alguns países caso fosse eleito. Nada, porém, que não fosse habitual em uma eleição para uma entidade internacional.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo