As eleições brasileiras receberam grande destaque nos principais jornais do mundo, que ressaltaram o avanço significativo da esquerda no País com o resultado obtido pelo PT. O segundo turno entre os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) ocupou uma das três principais manchetes de capa da edição de hoje dos jornais The New York Times e The Washington Post.
Segundo o NYT, Lula subiu nas pesquisas depois de reformar sua imagem e deixar de lado ameaças de calote na dívida externa, dando mais ênfase a medidas para impulsionar exportações e gerar empregos.
Já o candidato tucano teria sido prejudicado por ser o candidato do governo num cenário de crescente desemprego e estagnação econômica. Além disso, a candidatura Serra foi abalada pelas divergências na base governista e pela falta de carisma do presidenciável, avaliou o NYT.
Para o Post, a ascensão de Lula sinalizou “uma importante alteração à esquerda na tendência política no País”. O jornal avalia que a candidatura petista deslanchou nas últimas semanas, beneficiada, entre outros fatores, por “uma contracorrente antiglobalização que se alastrou pelo Brasil”.
O jornal também destacou que “o avanço de um candidato como Lula – sem formação superior e oriundo da pobreza – é inédito num país onde a classe no poder tem sido historicamente monopolizada por um pequeno grupo de pessoas das elites econômica e intelectual”.
Europa
O jornal britânico The Guardian também atribuiu a popularidade de Lula a um desejo de mudança latente na população brasileira. “A vitória de Lula representaria a mais significativa alteração de poder nos últimos tempos na América Latina em contraposição ao modelo neoliberal da economia global”, observou.
“O predomínio de Lula reflete o descontentamento regional com a teoria de mercados livres e desenfreados, da Argentina destruída ao Uruguai, Peru e Equador”, acrescentou o Guardian.
Com a manchete “Baterias de automóveis geram energia nas eleições brasileiras”, o britânico The Independent deu destaque ao uso de baterias para funcionarem as urnas eletrônicas em locais remotos da floresta amazônica.
Para o jornal, a vitória de Lula simbolizará o maior avanço da esquerda na América Latina desde a vitória de Salvador Allende, no Chile, em 1970, o que tem provocado temores na comunidade financeira na Europa e nos EUA.