Efeito Lula

As campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (A Força do Povo) e Geraldo Alckmin (Por um Brasil Decente) custaram no primeiro mês em números redondos R$ 14,4 milhões e R$ 20,2 milhões, respectivamente. O pedetista Cristovam Buarque realizou despesas de R$ 914 mil, ficando a raspa do tacho para a senadora Heloísa Helena, que se arrumou com míseros R$ 60 mil.

Lula e Alckmin conseguiram suas arrecadações junto às grandes empresas e mesmo tendo o candidato tucano declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) despesas de campanha de R$ 6 milhões a mais que o presidente, tanto o PT quanto o PSDB decerto terão recebido doações paritárias das mesmas empresas.

Uma leitura possível do fato é que o procedimento dos grandes financiadores de dividirem o investimento previsto em política em partes iguais entre os favoritos funcionou com rigor na partilha entre Lula e Alckmin. No mês de agosto, Lula arrecadou R$ 15,1 milhões, perdendo para Alckmin, que obteve R$ 21 milhões, embora a vantagem financeira não tenha trazido o impulso desejado para a campanha tucana.

O dado mais eloqüente da presente disputa presidencial está em que as grandes empresas afastaram por completo o temerário ?efeito Lula? das primeiras eleições, passando a dar dinheiro grosso para a campanha da reeleição. Numa das tentativas anteriores de chegar à Presidência, quando Lula perdeu para Collor no segundo turno, o então presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mário Amato, afirmara que a vitória do ex-metalúrgico provocaria a debandada geral de empresários para o Paraguai.

O destampatório do aposentado líder contra o candidato proletário está hoje substituído por conspícuo respaldo financeiro, que não representa em absoluto qualquer avanço ideológico das classes produtoras (atualmente nem tanto), mas um pragmatismo sem igual na história recente do País.

Até o final do mês, as despesas da campanha lulista poderão chegar a R$ 55 milhões. No caso remoto de segundo turno, o valor total dos gastos na estimativa entregue ao TSE será de R$ 89 milhões, cornucópia que o partido receberá de grandes empresas. Valor quase uma vez e meia maior que a dívida contraída com os bancos mineiros em papagaios avalizados por Marcos Valério. Quem vai pagar ambas as contas?

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