Educação e economia

Em pleno milagre econômico japonês, o embaixador daquele país no Brasil, em visita ao Paraná, disse não haver dúvida de que o ressurgimento econômico começara por investimentos maciços em educação básica, primária. É aquela velha história de querer saber quem nasceu antes, se o ovo ou a galinha. Se o desenvolvimento que tornou possível investir em educação ou a educação que impulsionou o desenvolvimento econômico.

Lembremo-nos, entretanto, que o Japão acabara de sair de uma terrível guerra, tivera duas de suas maiores cidades destruídas por bombas atômicas, e que é um pequeno país formado por ilhas, no Extremo Oriente, distante do que, à época, eram os grandes mercados. Vivia e vive ainda mais das importações que das exportações. Tudo isso leva a crer que as providências no campo educacional antecederam, de fato, o desenvolvimento econômico que ganhou expressões de milagre. Um dos milagres asiáticos.

Ao Brasil de hoje faltam as duas coisas: educação adequada e desenvolvimento econômico. Por onde começar? "El camino empeza al caminar", dizia Che Guevara, repetindo o dito maoísta de que a grande marcha começou com o primeiro passo. Queria significar que qualquer caminho, que visa percorrer certos espaços e alcançar certos fins, deve começar pelo primeiro passo, caminhando, antes de nos perdermos em intermináveis discussões sobre o que é prioritário e o que pode vir depois.

No nosso caso, sofremos do subdesenvolvimento econômico e educacional.

O Brasil ocupa a 72.ª posição no ranking de 127 países do Índice de Desenvolvimento de Educação, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O índice compõe-se de quatro metas e delas o nosso País se sai pior na área de qualidade de ensino – medida pela taxa de permanência de estudantes até a 5.ª série do ensino fundamental, ficando, aí, em 87.ª posição. Vale dizer que no ensino básico é que somos mais fracos, embora todo o nosso ensino seja meio tísico. Estamos abaixo da metade do ranking de 127 países estudados pela Unesco. O melhor desempenho nosso, 32.º lugar, é na meta educação primária universal, que significa amplitude de alcance do sistema. Hoje, mais gente está nos bancos escolares, mas que os deixa antes da 5.ª série. A taxa de alfabetização de adultos nos coloca em 67.ª posição; e na de paridade de gêneros, em 66.º.

O Brasil, no índice geral, fica atrás de vizinhos latino-americanos, como a Argentina (23.º), Cuba (30.º) e Chile (38.º). Os três países melhor colocados no ranking da educação são: Noruega, Dinamarca e Holanda. Apesar dos números negativos, o Brasil aparece como um dos países próximos de cumprir algumas das metas do conjunto Educação para Todos até 2015.

A evasão escolar na parte essencial do ensino, a básica, se explica pelos problemas econômicos que fazem pais tirarem seus filhos da escola para que estes comecem a trabalhar em tenra idade, ajudando no orçamento familiar. E a má qualidade do ensino.

A discussão de quem merece atenções maiores e primeiras, se a educação primária ou o desenvolvimento econômico, é inútil. Se o dinheiro é pouco e o exemplo dos países do milagre asiático demonstrou que a educação está na base do crescimento econômico, é por aí que devemos começar. E criar mecanismos que impeçam o abandono dos bancos escolares, entre eles o Bolsa Escola e a proibição do trabalho de menores. Estamos no rumo certo, mas, ao que tudo indica, demos apenas dois ou três passos nesta longa caminhada.

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