O impacto ambiental causado à fauna e flora das regiões atingidas foi considerado grave pelo IBAMA. Até hoje, várias destas áreas não foram recuperadas, o que está gerando uma discussão entre entidades e ambientalistas incumbidos de decidir se as regiões devem ser bioremediadas (limpeza através de processos que podem envolver organismos vivos como bactérias ou químicos) ou esperar que a natureza se regenere.
Segundo o relatório apresentado pelo Centro de Estudos do Mar (CEM), os ecossistemas das áreas atingidas ? compostos por manguezais, marismas e costões rochosos ? são frágeis, mas podem apresentar uma grande capacidade de autolimpeza e autoregeneração e sugere que as populações animais destes sistemas podem retornar rapidamente às suas densidades populacionais normais em poucos dias ou semanas. O relatório afirma também que técnicas de limpeza ou corte de plantas contaminadas são medidas extremas e a atenuação natural de sistemas impactados deve ser priorizada.
Para o professor da UFPR, Eduardo Ratton, a solução para retirar o óleo remanescente destes ecossistemas é a bioremediação. ?Já existem várias técnicas para a bioremediação de áreas poluídas. Alguns técnicos do IBAMA e IAP acham que isso pode degradar ainda mais os sistemas atingidos devido à movimentação de pessoas nestas áreas, mas isso não irá acontecer porque o trabalho seria feito por empresas especializadas que devem inserir químicos, bactérias ou alimentos para a proliferação de organismos que limpariam as águas poluídas?, disse.
O maior problema da regeneração da natureza é o tempo. O relatório do CEM aponta que o revestimento de animais e plantas pelo óleo causa o entupimento das estruturas de respiração e alimentação destes seres. Ratton concorda que isto pode gerar o fim de uma cadeia trófica inteira. ?Existem organismos que se concentram na superfície das águas contaminadas, áreas onde o óleo está presente. Com a morte destes organismos, outros, que dependem deles para viver, acabarão morrendo também?, disse.
A extensão de área ainda contaminada é de aproximadamente cinco quilômetros. Ratton propõem que sejam realizadas experiências com três empresas com diferentes propostas para a bioremediação da área: Alpina, Hidroclean e Ecosorb. ?Cada empresa teria uma área de 50m² para fazer testes durante três meses. Também observaríamos outra área de mesma extensão sem intervenções para comparar os progressos?, completou.
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