A euforia que tomou conta do mercado financeiro está preocupando os defensores de reformas estruturais. O temor é que, com as boas perspectivas de crescimento da economia brasileira neste ano e nos próximos, o governo desista de vez de enfrentar os grupos que se opõem a mudanças mais profundas na área previdenciária, tributária e trabalhista.
Um pequeno sinal de alento veio da defesa recente, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da atualização da legislação trabalhista e das reformas da Previdência, tributária e política, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
A visão mais comum, porém, é de que o bom desempenho da economia pode desmobilizar definitivamente as forças que, dentro e fora do governo, lutam pelas reformas. ?O momento certo de consertar o telhado é no dia de sol, mas o problema no Brasil é que no dia de sol todo mundo vai para a praia?, diz Renato Fragelli, diretor da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio. Ele lembra que é mais fácil fazer reformas que envolvem mexer em benefícios e direitos nos momentos que a economia está crescendo. ?Meu medo é de que o País se inebrie com a bonança, perca a oportunidade de fazer as reformas e aí a gente cresça de 4% a 4,5% por alguns anos e o processo seja abortado?, ele diz.