Apesar de o superávit primário do setor público consolidado de setembro, de R$ 10,253 bilhões, não ter sido suficiente para estabilizar a relação dívida/PIB, que encerrou o período em 63%, economistas ouvidos pela Agência Estado não concordam que seja necessário elevar a meta do próximo ano para algo entre 5% e 6% do PIB. Segundo previsões do economista sênior do BankBoston, Marcelo Cypriano, uma meta de superávit primário de 4,25% do PIB no ano que vem já agüentaria uma Selic real de 8% e um crescimento modesto do PIB, sem contar com a apreciação esperada para o câmbio.
?O bom resultado das empresas estatais mostram que ter preços adequados é o caminho certo para se obter bons superávits primários em 2003?, defende o economista.
Para o economista-chefe do BicBanco, Luiz Rabi, elevar superávit simplesmente por elevar não resolveria o problema do Brasil. ?Elevação de superávit só resolveria a situação se for acompanhada das reformas da Previdência e tributária, o que sinalizaria para os investidores que o País está resolvendo seus problemas no longo prazo. Imposições de superávits são medidas de curto prazo e é o que a Argentina fazia?, diz Rabi.
Para Fábio Akira Hashizume, do JP Morgan, o fato de a relação dívida/PIB não ter sido estabilizada, mesmo com o superávit primário recorde de setembro, pode mostrar que o governo precisa intensificar o esforço fiscal de 2003. Mas, questionado se este esforço teria de atingir os 5% ou 6% sugeridos por alguns analistas, especialmente estrangeiros, Akira afirma que primeiro é preciso saber que câmbio estes analistas estão considerando em suas projeções.
?Eu estou falando da sustentação das desvalorização contínua do câmbio?, disse. A taxa média ponderada de câmbio (ptax) usada para o cálculo da relação dívida/PIB em setembro foi de R$ 3,895, que já caiu e deverá continuar a se reduzir, afirmou o economista do BankBoston.