Rio de Janeiro – O Índice Geral de Preços (IGP-10), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), variou 0,28% em fevereiro, mostrando desaceleração ante os 0,39% registrados em janeiro. A inflação no ano pelo IGP-10 registra taxa de 0,67%, com alta de 3,70% nos últimos 12 meses. O índice tem como base os preços coletados entre o dia 11 do mês anterior e o dia dez do mês de referência.
Na avaliação do coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, economista Salomão Quadros, o resultado do IGP-10 de fevereiro permite que se fale em tendência declinante da inflação. ?O efeito de janeiro ficou isolado, foi um ponto na curva de alta, mas não é para se sustentar. E fevereiro já começou com índices bem menores. O IGP-10 foi o primeiro e eu acho que isso vai se consolidar durante o mês e pode ser até que se aprofunde em março?, afirmou.
A expectativa do IPC de março mais baixo pode se concretizar por causa do efeito das mensalidades escolares que tende a desaparecer por completo, além da aproximação da safra de soja, milho, arroz, e grãos em geral, que costuma contribuir para baixar a inflação. ?Eu acredito que a tendência é de baixa. A tendência é de desaceleração daqui para lá (março)?, disse.
De acordo com Salomão Quadros, a maior contribuição para o resultado de fevereiro foi dada pelos preços no varejo. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve variação de 0,54% em fevereiro contra 0,75% de janeiro, um decréscimo em cinco dos sete grupos pesquisados. Dentro do IPC, segundo o economista, os principais fatores para a desaceleração vieram dos grupos Transportes e Vestuário, cujas taxas caíram de 2,43% para 0,79% e de 0,69% para menos 2,39%, respectivamente, pressionados pelas tarifas de ônibus urbano – que passou de 5,63% para 1,57% – e roupas, por conta das promoções de verão, que caiu de 0,57% para menos 3,09%.
?No caso do IPA (Índice de Preços por Atacado), você teve uma diminuição dos preços de alimentos, combustíveis, produtos metalúrgicos. Uma série de grupos de produtos industriais que se desaceleraram bastante. Ao mesmo tempo, no IPC você teve uma diminuição em vestuário e transportes. Esses são os principais fatores que justificaram a desaceleração?, explicou Quadros.
No atacado, o economista explicou que a redução de preços de 1,48% para menos 1,15% em produtos alimentares industrializados é uma conseqüência da queda de matérias-primas agrícolas, cujos preços ?tiveram um comportamento muito mais favorável neste início do ano e isso chegou aos produtos industrializados que usam essas matérias-primas?.
No caso dos combustíveis, cuja taxa recuou de 0,33% para menos 0,57%, Salomão Quadros explicou que está ocorrendo um efeito favorável da queda de preços do petróleo.
?Nesse momento já está pegando vários derivados importantes, como óleo combustível, querosene e mesmo a gasolina, com queda de preços. O álcool não está subindo muito, mesmo no meio da entressafra. Então, os combustíveis deram uma recuada bastante importante?, analisou.