O economista e professor do Instituto de Economia da Unicamp, Ricardo Carneiro, um dos assessores econômicos do Partido dos Trabalhadores (PT), disse hoje que o PT tem três grandes desafios em 2003. O primeiro, disse ele, se refere ao aumento do salário mínimo, depois o aumento salarial do funcionalismo público e finalmente o desafio de colocar em prática o programa Fome Zero. ?São esses os três compromissos mínimos que o PT terá de concretizar no próximo ano?, afirmou o economista. A médio de prazo, acrescentou ele, o PT terá pela frente o desafio de equilibrar o crescimento econômico do País com as restrições externas e internas (inflação).
Carneiro disse também que quanto mais o dólar recuar menor será a pressão sobre a dívida pública e conseqüentemente a possibilidade das contas externas se reduzirem será maior. Para ele, se a taxa de câmbio recuar a R$ 3,00, o déficit em conta corrente poderá cair dos atuais 64% do PIB para, pelo menos, 54% do PIB.
O professor descarta qualquer possibilidade de um novo overshooting em relação ao dólar. Ele acredita ainda que o PT anunciará uma política macroeconômica coerente junto com uma política de desenvolvimento que permitam ao País retomar o crescimento.
Carneiro disse também que a probabilidade de o dólar se manter a um patamar de R$ 4,00 com risco de o Brasil ser obrigado a aumentar o superávit primário em relação ao PIB é zero.
Indagado se haveria algum risco de o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentar problemas com os governos estaduais semelhante ao que Fernando Henrique Cardoso enfrentou com o governador Itamar Franco em relação às dívidas estaduais, o professor da Unicamp disse não ver risco algum. ?Não vejo no horizonte nenhum governador que possa vir a tomar atitude semelhante ao do ex-presidente em relação à dívida de Minas Gerais?, afirmou. Segundo ele, a renegociação da dívida dos Estados terá de ser feita quando o desenho da reforma tributária estiver realizada.