Brasília – O economista Márcio Pochmann, da Universidade de Campinas (Unicamp), afirmou hoje (11) que para avaliar um aumento da classe média no país devem ser consideradas variáveis como a estrutura de consumo, o nível educacional e a posição da ocupação da cada pessoa.
Pesquisa divulgada pelo Instituto Target apontou que mais de 2 milhões de famílias ascenderam socialmente e deixaram de ser consideradas de classe baixa. O instituto utilizou como base os levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa de Mercado (Abep). E concluiu que o crescimento no número de empregos com carteira assinada e o aumento do poder de compra das famílias, por conta da queda nas taxas de juros, são os principais responsáveis pela mudança social no país.
Para Pochmann, o conceito de classe não envolve só o rendimento, mas relaciona fundamentalmente o padrão de consumo, o tipo de ocupação, o nível de escolaridade e de conhecimento. "Podemos ter alguém com rendimento em torno de cinco salários mínimos mensais, pode ser operário, trabalhador da construção civil, e podemos ter uma hipótese de um engenheiro, um economista recebendo um salário mínimo mensal. Por isso é importante considerar variáveis como a estrutura de consumo, o nível educacional e a posição da ocupação", disse.
O economista explicou que do ponto de vista científico não é possível dizer o que é classe social, somente pelo nível de renda: "Outras variáveis ? culturais, educacionais, inserções no trabalho e padrão de consumo ? definem uma classe, não apenas uma renda auferida".