economia

Zona Franca tem aumento de vendas

A perspectiva favorável para as vendas de Black Friday e Natal já aquece a produção dos fabricantes da Zona Franca de Manaus (AM) de televisores, motocicletas, bicicletas, computadores, smartphones, aparelhos de ar-condicionado split e de forno de micro-ondas. De janeiro a agosto, as indústrias instaladas no polo faturaram R$ 65 bilhões. Foi o melhor resultado para o período em seis anos, segundo a Suframa.

“Este ano a produção está bem melhor”, afirma o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, Nelson Azevedo. O crescimento de 7,5% nas vendas da indústria registrado até agosto (último dado disponível) se acelerou mais em setembro e outubro, observa. Mas ele ressalta que, apesar do aquecimento, ainda não houve um avanço significativo no emprego. Neste momento, as indústrias procuram ocupar a grande capacidade ociosa das fábricas, mas a maioria das empresas trabalha com um turno.

Sondagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o uso da capacidade nas indústrias que produzem bens de consumo duráveis, que são exatamente os itens fabricados em Manaus, atingiu 78,5% no mês passado. Foi o melhor outubro em uso da capacidade das fábricas desde 2014, observa Renata de Melo Franco, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) e responsável pela pesquisa. Outubro é considerado “o Natal da indústria”, isto é, quando as fábricas estão no pico da produção.

Movimento semelhante ocorreu com os fabricantes de bens não duráveis, que inclui alimentos, artigos de vestuário e calçados, por exemplo. A ocupação da capacidade dos fabricantes desses itens estava em 77,5% em outubro deste ano, o maior resultado para o mês desde 2017.

A pesquisadora observa que as expectativas dos empresários da indústria de bens não duráveis para os próximos meses avançaram desde meados do ano. Em julho, esse indicador estava abaixo de 90 pontos e no mês passado estava em 93,5 pontos – numa escala em que resultados acima de 100 indicam forte atividade. “É um nível considerado ainda baixo, mas podemos dizer que, para o final do ano, os empresários estão relativamente mais otimistas do que estavam no meio do ano.”

Renata acredita que a liberação de recursos extras do FGTS pode ter dado um ânimo maior para a produção de não duráveis. Como não é possível comprar um carro com R$ 500 a mais no bolso, esses recursos extras podem aumentar a demanda por itens de menor valor, como vestuário e alimento.

Geladeiras

A indústria de eletrodomésticos, como geladeiras, lavadoras e fogões, iniciou o último trimestre com maior velocidade de produção. Por conta de Black Friday e do Natal, normalmente o quarto trimestre já é o melhor período do ano para esses fabricantes. Mas, neste ano, por causa do quadro favorável, houve uma aceleração maior.

O presidente da Whirlpool, João Carlos Brega, diz que a ocupação das fábricas do setor oscila hoje entre 75% e 80% e que a perspectiva é de que a produção cresça no último trimestre do ano entre 10% e 15% na comparação com igual período de 2018. A unidade da Whirlpool de lavadoras em Rio Claro (SP), por exemplo, trabalha com dois turnos.

Apesar da reação positiva na produção no último trimestre do ano, Brega ressalta que ainda o setor de linha branca, como é conhecido esse segmento, deve fechar 2019 com volume de produção em número de unidades equivalente ao de dez anos atrás. Ele observa que as fábricas têm capacidade para atender a um volume maior de pedidos sem novos investimentos.

A produção de linha branca deve encerrar o ano com alta de 7%, ante expectativa inicial de 5% e o forte avanço no final do ano. A razão foi a venda do 1.º semestre.

Lojas online

O comércio online tem conquistado novos consumidores a cada dia. Neste fim de ano, pela primeira vez as lojas online empataram com as lojas de departamento como local preferido pelos brasileiros para fazer as compras de Natal. Ambas lideram o ranking onde os consumidores planejam comprar.

Pesquisa de intenção de compras de Natal da CNDL e do SPC Brasil mostra que 41% dos consumidores pretendem adquirir produtos em lojas online no Natal, o mesmo porcentual que declarou que planeja consumir em lojas físicas de departamento. Em terceiro lugar, estão os shoppings, com 37% da preferência dos entrevistados.

Dentre os que mencionaram a internet, oito em cada dez comprarão ao menos a metade dos presentes em lojas online e 15% dos entrevistados, todos os presentes. Entre os entrevistados que pretendem pesquisar preços, que é a grande maioria, 80% não estão dispostos a gastar sola de sapato: vão usar sites e aplicativos de lojas para fazer o levantamento.

“O brasileiro vai pesquisar mais na internet e comprar mais também”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil e responsável pela pesquisa, Marcela Kawauti.

Esse resultado coincide com a forte investida da Amazon, a gigante do comércio online no País. Para este final de ano, a empresa vai oferecer no seu site mais de 20 milhões de produtos e concorrer como os mais diferentes segmentos do varejo: da rua 25 de Março, reduto de comércio popular de cidade de São Paulo, com enfeites de Natal, a lojas especializadas em eletrônicos, com a venda de equipamentos que conectam inteligência artificial instalada na nuvem. Apesar de ser uma loja virtual, a companhia neste ano abriu um centro distribuição próprio em Cajamar (SP) para ser mais eficiente nas entregas físicas de mercadorias.

A preferência crescente do consumidor pelas compras online pode soar como uma ameaça para as lojas físicas. No entanto, ainda o comércio eletrônico representa muito pouco do que o varejo fatura, menos do que 5%.

Ressaca

Apesar dos sinais mais favoráveis para o consumo neste fim de ano, como o crédito destravado, inflação em baixa e juros na mínima histórica, por exemplo, a pesquisa revela que as marcas da crise persistem. Entre os entrevistados que não pretendem comprar presentes, o principal motivo é a falta de dinheiro, com 39% das respostas, seguido pelo desemprego, com 15%. “A recessão acabou, mas a ressaca da crise está presente na vida dos brasileiros”, diz Marcela. Ela lembra que o desemprego ainda é elevado e as reformas aprovadas não terão impacto imediato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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