Até o início de 2010 o nível de emprego na Zona Franca de Manaus voltará ao padrão pré-crise. A superintendente do Polo Industrial de Manaus, Flávia Skrobot Barbosa Grosso, comemora a volta do investimento e a instalação de novas fábricas na região. Na crise foram demitidos cerca de 30 mil trabalhadores.
As indústrias da região chegaram a empregar 115 mil trabalhadores até setembro, nível que caiu para 85 mil em janeiro e, atualmente, está em 108 mil. “Vamos superar os 115 mil trabalhadores já no início de 2010”, disse a superintendente.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na Amazônia, Valdemir Santana, é ainda mais otimista. “Devemos chegar aos 125 mil trabalhadores ao longo de 2010”, disse.
A retomada do emprego começou em julho, explica Santana, puxada pelo aumento da demanda interna por produtos como televisores de plasma e LCD, motos e aparelhos de ar condicionado.
O apetite dos consumidores foi um alívio para milhares de trabalhadores que firmaram acordos temporários de garantia de emprego. A Zona Franca de Manaus deve encerrar o ano com faturamento entre US$ 25 bilhões e US$ 28 bilhões. Para 2010, a previsão é de superar os US$ 30 bilhões.
Entre os mais recentes investimentos na região, a Samsung, que já faz produtos como televisores de LCD, plasma e blu-ray, vai começar a produzir aparelhos de ar condicionado split na Zona Franca de Manaus.
“Acabo de receber a informação do vice-presidente da empresa, Benjamin Sicsu”, disse ela. “Estamos de vento em popa nessa área”, comemorou. A assessoria da Samsung disse que a empresa não comentaria a informação.
A produção dos novos modelos de ar condicionado na região começou no fim de 2008, e atualmente oito empresas já fabricam os aparelhos. Em 2008, as vendas atingiram 1,45 milhão de unidades no País, das quais 1 milhão foram importadas. Somente neste ano, 700 mil aparelhos nacionais foram vendidos no País. De acordo com Santana, o setor deve empregar 7 mil trabalhadores em 2010.
Recentemente, a BMW anunciou uma parceria com a Dafra, já instalada no local, para produzir motos de luxo. O grupo chinês CR Zongshen chegou no País neste ano com intenção de investir R$ 80 milhões e já comprou a brasileira Kasinski, em Manaus, anunciou a construção de um complexo na região para produzir 180 mil motos por ano e vai fabricar a primeira moto movida a eletricidade do País. Também na região, a MVK Motos investiu R$ 32 milhões para uma nova fábrica e inicia a produção em março de 2010.
Santana destaca ainda que a aprovação do processo produtivo básico para televisores com telas de LED (sigla em inglês para Light Emitting Diode, ou Diodo Emissor de Luz) já está em fase final no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
“Assim que isso for definido, vamos gerar mais 10 mil empregos”, afirmou. Ele ressaltou, porém, que os trabalhadores da região ainda carecem de treinamento. No início da semana, segundo ele, apenas 60 de 380 vagas abertas para pintores e soldadores na indústria termoplástica foram preenchidas por falta de qualificação profissional. “Um curso de duas semanas, com 100 horas de duração, resolveria esse problema”, afirmou.
Para a superintendente Flavia Grosso, a retomada comprova o vigor do modelo da Zona Franca de Manaus, autarquia criada pelo governo federal em 1967 que recebe em média de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões em investimentos anuais. Segundo ela, o número deve se repetir em 2010.
“Eu sempre disse que o modelo da Zona Franca de Manaus, a cada crise, sai renovado como uma fênix, mais forte e moderno. E assim está acontecendo agora. O Brasil inteiro dá sinais de retomada de crescimento e a Zona Franca de Manaus também, com mais empresas e mais tecnologia”, disse.