Zona do euro vai crescer em ritmo moderado, diz BC

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, disse hoje que a instituição espera crescimento moderado e pressões contidas de preços nos próximos dois anos na zona do euro (que reúne os 16 países que adotam o euro como moeda). Em entrevista após a reunião mensal de política monetária do BCE, ele disse que as taxas de juros atuais, que estão em níveis históricos de baixa, são adequadas. O BCE decidiu hoje manter a taxa básica de juro em 1,0%, conforme previsto por economistas. A decisão foi unânime.

Trichet disse ainda que os dados recentes sugerem que a zona do euro continuou crescendo no quarto trimestre do ano passado. No entanto, muitos dos fatores que deram sustentação ao crescimento são temporários, e a expansão futura vai continuar limitada pela necessidade de bancos, famílias e governos de repararem seus balanços.

O presidente do BCE disse que as expectativas de inflação continuam “firmemente ancoradas”. Segundo ele, a recuperação da Europa da pior recessão do pós-guerra será desigual e que o cenário é caracterizado por um alto grau de incertezas. A oferta de crédito para a economia, na visão de Trichet, ainda é fraca. Trichet também repetiu declarações anteriores assegurando que o BCE vai retirar, conforme o “necessário”, qualquer liquidez excedente causada pelas medidas extraordinárias de estímulo à economia. No fim de 2009, o BCE disse que suspenderia gradualmente sua oferta de liquidez de longo prazo ao sistema bancário.

Sobre o problema dos orçamentos de alguns governos da zona do euro, Trichet alertou que os persistentes déficits elevados e o aumento dos níveis da dívida podem pôr a perder os esforços do BCE de sanear a economia. Para a instituição, planos fortes e confiáveis de redução dos déficits são necessários para recuperar a confiança do consumidor.

Grécia

O presidente do BCE refutou a ideia de que a Grécia possa ser forçada a deixar a zona do euro por causa de seus problemas com o déficit público e o nível da dívida. Ao mesmo tempo, ele indicou que o BCE não oferecerá “tratamento especial” para o país. Trichet descartou dar condições de empréstimos aos bancos gregos mais facilitadas que as que o BCE oferece ao sistema bancário da zona do euro.

Trichet classificou a ideia de que a Grécia vá deixar a União Europeia de “hipótese absurda” e recusou-se a comentar a questão. No entanto, ao ser perguntado se continuaria aceitando os bônus gregos como garantia, mesmo que eles não apresentem os ratings (classificação de risco) de crédito suficientes para se qualificarem para os empréstimos, Trichet mostrou-se menos receptivo. “Não vamos mudar nossas normas em favor de qualquer país”, disse Trichet. As informações são da Dow Jones.