Zimmermann rebate críticas ao setor elétrico brasileiro

O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Marcio Zimmermann, saiu em defesa do setor elétrico e das ações tomadas para combater sua atual crise. Destacando as singularidades da matriz energética brasileira – baseada em hidrelétricas e linhas de transmissão continentais – ele elogiou a integração de órgãos do governo como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) com as companhias e associações setoriais. “Pelos desafios que enfrenta, nosso setor é um dos mais bem estruturados da sociedade brasileira”, disse a uma plateia de mais de 700 agentes do setor na abertura do 11º Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio, nesta terça-feira, 6.

Zimmermann criticou a forma como o setor vem sendo retratado na imprensa e a publicação de números que classificou de “mirabolantes”. “Vejo hoje uma confusão enorme. Misturam térmicas com descontratação”, disse. O secretário lembrou que, além das questões hidrológicas, as perspectivas de um aumento no preço de energia no mercado de curto prazo levou alguns agentes a optarem por não vender em alguns leilões, agravando a descontratação. “Não existe térmica emergencial, elas foram contratadas para atender parte do mercado. Elas vieram ocupar um espaço porque não se conseguia oferta de hidrelétrica”, disse.

Zimmermann frisou que é necessário resolver o fluxo financeiro para manter o setor saudável. Rebatendo críticas, o secretário elogiou o sucesso dos leilões e também o empréstimo de R$ 11,2 bilhões contratado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) às distribuidoras junto a bancos privados. Segundo o secretário, isso foi possível graças à “credibilidade passada pela câmara na explicação sobre o funcionamento do setor” às oito instituições financeiras participantes.

Zimmermann descartou que o foco do financiamento não é adiar aumentos da tarifa para 2015. “Não é isso. Ano que vem temos fatores redutores”, disse, citando 5 mil MW médios que estão vencendo e deverão entrar no sistema. O secretário ainda destacou o resultado do leilão realizado na semana passada e em que foram contratados 85% dos 2,4 mil MW médios descontratados pelas distribuidoras. “Mais uma prova que o DNA do setor e trabalho de equipes conseguiu resolver grande parte do problema”, disse.

MME: riscos em 2001 chegavam a ser seis vezes maiores do que o que temos hoje, diz Zimmermann JÁ NO EMPRESA E SETORES –

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Rio, 06/05/2014 – O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, afirmou hoje que os riscos do sistema elétrico em 2001, ano de racionamento de energia elétrica no País, eram seis vezes maiores do que os atuais. Os dados, informou, serão apresentados amanhã no Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE).

“O sistema em 2001 estava desequilibrado estruturalmente e hoje está equilibrado… qualquer um pode simular com o modelo usado (pelo governo) e observar que os riscos daquela época chegavam a ser seis vezes maiores do que os de agora. Isso mostra bem o equilíbrio estrutural em que nós estamos”, afirmou, durante o 11º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, no Rio.

Questionado sobre uma possível politização do debate com a divulgação de dados de 2001, ano de governo de Fernando Henrique Cardoso, não respondeu aos jornalistas.

Zimmermann negou a necessidade de racionamento de energia, acrescentando que não há a necessidade de qualquer medida diferente das que já têm sido tomadas. “Estamos passando por uma fase conjuntural de afluências que foram baixas, mas estruturalmente o sistema está respondendo.”

Sobre 2015, afirmou, que pelos dados de maio, que serão apresentados amanhã, não há nenhum nível diferente do atual, que é de alerta.

A respeito de um possível pedido do governo para que a população reduza voluntariamente o consumo de energia, voltou a afirmar que não há indicativo de necessidade de qualquer medida adicional. Ele acrescentou que desde pequeno aprendeu com o seu pai a não desperdiçar nada. “O uso racional de qualquer coisa sempre é importante. Sempre foi importante e sempre será”, disse.

Perguntado o motivo das diferenças nas divulgações de dados em relação aos dos analistas, disse que o Brasil utiliza um modelo e os números divulgados são resultados de análises técnicas de centro de pesquisa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), “que qualquer um pode simular”.

“Os números que às vezes saem na imprensa não tenho como reproduzir porque nem sei quais premissas foram usadas. As nossas (análises) temos premissas e podemos mostrar”, disse. (Mariana Sallowicz – mariana.sallowicz@estadao.com – Mariana Durão – mariana.durao@estadao.com)

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