A XP Investimentos, maior corretora do País, está investigando um vazamento de dados em sua base de clientes. Um arquivo contendo informações sensíveis de clientes – como nome completo, número CPF, e-mail e número de telefones – foi enviado às vítimas por e-mail nas últimas semanas. O arquivo de texto compartilhado contém dados pessoais de mais de 29 mil pessoas, embora não inclua informações sobre investimentos.

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De acordo com uma das vítimas, que falou ao jornal O Estado de S. Paulo em condição de anonimato, o arquivo foi enviado à sua caixa de e-mail na manhã de segunda-feira, 23, junto a uma carta com ameaças à corretora. “Liguei para a XP e eles me disseram para não abrir os arquivos, mas eu já havia olhado”, disse a fonte. “Depois, um sócio da empresa me ligou e confirmou o vazamento.”

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Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a XP informou que “criminosos obtiveram informações básicas de determinados clientes entre 2013 e 2014”. A companhia afirmou que, à época, identificou “fraude isolada” com três clientes, que foi sanada sem prejuízo financeiro aos envolvidos. A empresa diz que, recentemente, os mesmos infratores divulgaram os registros na web. O objetivo seria extorquir a companhia. “O vazamento das informações é uma ação criminosa e a empresa está tomando todas as medidas legais cabíveis”, afirmou a XP, em nota.

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A XP acrescentou que o caso está sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, em processo que corre em segredo de Justiça.

Procurada, a assessoria de imprensa da Superintendência da Polícia Federal, em São Paulo, informou que há alguns processos com protocolos que fazem referência à XP Investimentos, mas afirmou que não seria possível consultar o conteúdo dos arquivos ainda na segunda-feira, 23. O Ministério Público de São Paulo não confirmou se há investigação sobre o caso em andamento até o fechamento desta edição.

O vazamento ocorre em um momento delicado para a XP. A empresa se prepara para abrir o capital na BM&FBovespa. A expectativa é fazer oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos próximos meses. A empresa é controlada por sócios executivos, que têm 57% de participação na corretora, sendo Guilherme Benchimol o principal deles. As ações restantes estão com os fundos General Atlantic (33%) e Actis (10%).

Em uma estratégia agressiva, a XP tenta se mostrar como uma opção aos investimentos em bancos tradicionais, cobrando taxa de administração zero em investimentos. A corretora tem hoje cerca de 200 mil clientes, contra pouco mais de 100 mil em 2015.

Em dezembro de 2016, a companhia anunciou a compra de 100% do capital da rival Rico Corretora, em um negócio entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões, segundo o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Razões. Segundo um especialista em segurança da informação consultado pelo jornal O Estado de S. Paulo, vazamentos de dados podem ocorrer em qualquer setor de atividade. “Parece que as empresas são indestrutíveis, mas não são. Um empregado que saiu irritado pode passar a senha para alguém. É simples assim.”

Para o cliente ouvido pela reportagem, que teve seus dados expostos na internet, trata-se de um pecado imperdoável para quem tem a tutela de seus investimentos. “A quebra de confiança é muito grave”, disse. “Não vou processar a XP, mas vou levar meus investimentos para outro lugar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.