O Wells Fargo, terceiro maior banco dos Estados Unidos, divulgou uma nova avaliação sobre o Brasil em que seus economistas afirmam ver “algum ímpeto” nas perspectivas para a economia brasileira após o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas a instituição diz estar menos otimista do que outras casas em Wall Street sobre o cenário para o País.
“O sistema político brasileiro permanece tão fragmentado como sempre foi, se não um pouco mais após o contencioso processo de impeachment”, afirma o economista sênior do Wells Fargo para América Latina, Eugenio Alemán, no relatório enviado a investidores.
Este ambiente político vai limitar a capacidade do presidente Michel Temer de produzir um ajuste fiscal mais profundo, como aquele que ocorreu após a crise de 1999, ressalta Alemán.
O Wells Fargo vê a economia brasileira “melhorando de forma lenta”, mas descarta um crescimento mais acelerado, ao menos até as eleições de 2018. “O governo de Temer vai permanecer como uma administração de transição, tentando contornar a atual crise”, diz o economista.
Será apenas o novo presidente eleito que vai poder tentar avançar em reformas mais estruturais e profundas, destaca o relatório sobre o Brasil.
“Temer vai governar a crise atual, mas não terá apoio suficiente para produzir reformas estruturais mais profundas que permitam ao Brasil crescimento econômico maior nos próximos dois anos”, destaca o Wells Fargo.
“Além do mais, enquanto vários agentes argumentam que o governo de Temer será capaz de dar uma reviravolta na economia, nossa interpretação deste cenário é menos positiva do que muitos têm argumentado”, afirma o economista do Wells Fargo, destacando que o PMDB é alvo de uma série de investigações sobre corrupção. Por isso, o Wells Fargo não vê espaço para o avanço mais profundo de reformas estruturais no governo de Temer.
Além do Congresso fragmentado, outro fator que deve impedir uma recuperação maior do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é a desaceleração na China e os baixos preços das commodities. “A economia mundial permanece fraca”, ressalta o relatório, o que não deve gerar aumento de demanda por produtos vendidos pelo Brasil.
O economista do Wells Fargo destaca que a crise atual brasileira é de “proporções históricas”, marcada por piora acentuada das contas fiscais, recessão e inflação persistentemente elevada. A piora dos indicadores fiscais precisa ser resolvida rapidamente, ressalta o banco, pois limita a capacidade do governo de ajudar a economia em outras frentes. A boa notícia, diz ele, é que parece que o fundo do poço foi alcançado no segundo trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.