WebJet, outra empresa surge no rastro da Vasp

Rio (AG) – Na segunda quinzena de abril, mais uma companhia aérea no conceito de baixo custo e baixa tarifa chega ao mercado brasileiro com a promessa de oferecer passagens de 10% a 20% mais baratas que as existentes no mercado. A WebJet, com sede no Rio, segue os padrões de qualquer empresa deste segmento no mundo: vendas pela internet e callcenter, estrutura enxuta e serviço de bordo sem regalias. A empresa diz não ter pretensões de ser uma concorrente direta da Gol, a primeira deste tipo a surgir no país, em 2001, ou mesmo desencadear uma nova guerra de tarifas. Mas a aposta em um preço único é visto como diferencial para atrair passageiros.

?Criamos a WebJet com base no conceito low cost, low fare existente em várias partes do mundo. Mas desenvolvemos um modelo próprio, que inclui o preço único para todo o avião. Ao contrário das outras empresas, não teremos tarifas promocionais. Todos os assentos dos nossos aviões terão o mesmo preço e não vamos dividir a aeronave em classes. Isso torna a operação mais transparente para o consumidor, que terá a segurança de pagar a mesma tarifa?, diz o diretor-presidente da companhia, Rogério Ottoni.

A empresa vai começar a voar com dois aviões Boeing 737-200, adquiridos em sistema de leasing operacional (aluguel) interligando Rio de Janeiro (partindo do Galeão), São Paulo (saindo de Guarulhos), Brasília e Porto Alegre com vôos diários. O serviço de bordo terá apenas algumas bebidas e snacks.

Novos destinos serão incluídos na malha aérea até o fim deste ano, sempre nos grandes centros onde o fluxo de passageiros é grande. A expectativa é chegar ao primeiro ano de atividade com cerca de 500 mil passageiros transportados e faturamento acima de R$ 100 milhões. Em cinco anos, a estimativa inicial é de ter uma frota de 12 aviões.

A empresa já nasce sob a proteção de investidores da área financeira, objeto do desejo de grandes companhias do setor. Ottoni não revelou quanto foi injetado na WebJet por estes investidores, cujos nomes prefere manter em sigilo. Mas fontes do mercado afirmam que foram investidos perto de US$ 10 milhões em sua formatação. Apesar de ainda nem ter decolado de fato, já faz parte dos planos da WebJet a entrada no mercado de capitais. Para o empresário, mais do que paixão, a empresa é um negócio criado para dar lucro.

?O mercado brasileiro está crescendo e há espaço para a expansão do setor. O fato é que a aviação comercial deixou de ser apenas uma paixão para se transformar em um negócio cujo objetivo é dar lucro.?

Governo trabalha na integração sul-americana

Brasília (AG) – O governo brasileiro está trabalhando num projeto de integração sul-americana que prevê a abertura do espaço aéreo para aumentar a oferta de vôos para os 13 países do continente e estimular o turismo interno. De acordo com o projeto do Ministério do Turismo -que será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 60 dias e deve ser posto em prática em seis meses – serão retirados todos os entraves burocráticos para permitir que as companhias de transporte aéreo regular, nacionais e dos países vizinhos, aumentem suas rotas e freqüências não só para as capitais, mas para cidades importantes do ponto de vista econômico e turístico.

Segundo dados do Ministério do Turismo, a América do Sul tem um público potencial de 14 milhões de turistas. Todos os países da região estão sendo consultados. O Chile é hoje o mais interessado. Não por coincidência, depois do Brasil, tem a aviação comercial mais forte.

O passageiro brasileiro consegue se locomover com facilidade apenas para três capitais da América do Sul: Montevidéu (Uruguai), Buenos Aires (Argentina) e Santiago (Chile). Para o restante, a quantidade de vôos é reduzida e os aviões estão sempre lotados, mesmo para capitais como Bogotá (Colômbia) e Caracas (Venezuela), onde há boa demanda. Também é complicado levar produtos da Zona Franca de Manaus para o Chile.

Segundo empresários do setor, os acordos entre o Brasil e os países da região são restritos. O acordo com a Colômbia, por exemplo, permite apenas oito vôos diários de uma empresa de bandeira brasileira, mas há mercado para mais seis, disse um especialista do setor.

Segundo o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, a intenção do governo é transformar o Brasil num centro de distribuição do tráfego aéreo:

?O deslocamento na América Latina é difícil, as pessoas precisam dar voltas fantásticas. Em muitos casos, é mais fácil ir até Miami e depois voltar. Adotar uma política que conduza à abertura do espaço aéreo sul-americano significa dar novos desafios de competitividade às empresas brasileiras e sul-americanas. E o usuário será beneficiado com a redução no preço das passagens?, diz o ministro.

Atualmente, a Varig voa para dez cidades da América do Sul (Assunção, Buenos Aires, Caracas, Córdoba, La Paz, Lima, Montevidéu, Santa Cruz de la Sierra, Santiago e Bogotá). A TAM também faz vôos diários para Buenos Aires, Santiago e tem planos para atender Lima. E a Gol, que já voa para a Argentina, vai inaugurar um vôo para Santa Cruz de la Sierra no próximo mês e pretende expandir suas rotas para Montevidéu, Assunção e Santiago.

A abertura dos mercados seria favorável às empresas nacionais, que são maiores e estão em melhor situação financeira, apesar da crise da Varig. De um total de sete empresas que operam na América do Sul, a única companhia em condições de competir é a Lanchile. As outras são a TAM Mercosul – a companhia brasileira que comprou em 1996 a Lapsa do governo do Paraguai – e a Pluna, do Uruguai, em que a Varig tem uma participação de 49%. A Aerolíneas Argentinas está à venda. A colombiana Avianca foi comprada pela brasileira Ocean Air.

Transferências na Justiça

Segunda-feira, a Justiça do Trabalho do Rio bate o martelo e decide se a Varig pode ou não dar continuidade ao programa de transferência (ou rebaixamento, no entender do Ministério Público do Trabalho) dos comandantes de vôos de suas companhias regionais, a Rio Sul e a Nordeste, para postos como co-pilotos das rotas internacionais da companhia.

De antemão, uma certeza sobre a decisão a ser dada pela 25.ª Vara do Trabalho: a sentença vai desagradar a gregos e troianos e acirrar os ânimos entre os pilotos da Varig e os das duas companhias regionais.

Isso porque, se beneficiar os comandantes das empresas incorporadas, mantendo-os no cargo máximo, vai atrasar a promoção dos co-pilotos da Varig. Do contrário, deixará nas entrelinhas que os comandantes das companhias regionais, transformados em co-pilotos, seriam, a princípio, menos qualificados que os colegas da Varig.

Em média, os pilotos das companhias regionais levam quatro anos para serem promovidos a comandantes de vôo, enquanto os da Varig, em maior número, precisam aguardar até 15 anos para conseguir a promoção. Até agora, 33 comandantes da Rio Sul e Nordeste foram transformados em co-pilotos e outros 77 devem ser incorporados à escala de vôos em abril, embolando o quadro de promoções da empresa.

No caso dos ex-comandantes das companhias regionais, a troca de cargo vai significar, além da perda de status, um encolhimento do salário, dos atuais R$ 5,4 mil para R$ 4,4 mil, em média.

A Varig criou uma comissão, formada por pilotos das três companhias aéreas, para tentar saídas para o impasse. Mas nem a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, tem esperanças:

?Dentro da categoria, não há solução que agrade a todos?, disse ela, explicando que nas assembléias realizadas pelo sindicato não houve consenso sobre a proposta ideal.

O tom de animosidade entre os pilotos ficou claro na segunda assembléia de conciliação feita pela Justiça, no dia 15 passado, para tentar uma solução amigável ao imbróglio. No encontro, pilotos da Varig e das companhias regionais chegaram a trocar farpas sobre a formação profissional. Mas o diálogo azedou de vez porque o Ministério Público do Trabalho, responsável pela ação impetrada na Justiça, é contra qualquer medida que reduza o cargo e salários dos pilotos da Rio Sul e da Nordeste.

Na opinião dos procuradores, é preciso que haja uma decisão judicial, porque a Varig poderia coagir os comandantes a aceitar a troca de cargo passivamente, ameaçando-os de demissão.

O vice-presidente operacional da Varig, Miguel Dau, explica que o programa da companhia – que ele chama de transferência, em vez de rebaixamento – está sendo incompreendido pelo MP. Mas está esperançoso de que a Justiça aprove os termos do programa.

?Tenho fé que, a despeito da insensibilidade do MP, a transferência será mantida pela Justiça. Como podem falar de perdas, se os ex-comandantes, em vez de pernoitar na Vila da Conquista, vão dormir em Amsterdã, e terão suas diárias em dólar??, pergunta ele, garantindo que os novos co-pilotos estão tendo um ganho salarial da ordem de R$ 2 mil.

Ele lembrou que a Varig, para atender a um pedido do governo de evitar demissões, manteve seu quadro inchado e agora busca aproveitar os comandantes e tripulantes das regionais nos seus vôos locais e internacionais.

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