Chuniti Kawamura / GPP |
Rede norte-americana quer ampliar presença no Brasil. |
A conversa entre os funcionários dos supermercados Mercadorama e dos hipermercados Big – as duas bandeiras do grupo português Sonae instaladas no Paraná – não é outra: a iminente venda das lojas para a rede americana Wal-Mart. Embora sem o anúncio oficial, a aquisição é dada praticamente como certa. Fontes do setor apontam que o processo de auditoria teria sido concluído no último dia 14 e acreditam, inclusive, que o Wal-Mart deve assumir o controle das lojas do grupo Sonae até a segunda quinzena de outubro. Com o silêncio das duas grandes redes, restam apenas os rumores do mercado.
?Geralmente as aquisições são precedidas de diligências por parte de quem está interessado em comprar em relação ao que está sendo vendido. E como as duas redes em questão não são pequenas, a verificação é mesmo demorada?, afirmou o consultor da Pactum Consultoria Empresarial, Gilson Teodoro Faust, acrescentando que análises como esta podem demorar de seis meses a um ano. ?É preciso verificar se há passivo tributário, trabalhista ou qualquer outra espécie de contingência. Também é verificada a margem de lucro. Só depois de tudo isso, passa-se a discutir o preço e a barganha passa a ser normal, entre um comprador e um vendedor?, explicou.
Conforme rumores que circularam pela Europa, a companhia americana estaria disposta a pagar em torno de 800 milhões de euros (R$ 2,2 bilhões) para ficar com as lojas do braços varejistas do Sonae no Brasil. Alguns executivos brasileiros, no entanto, apontam o valor como irreal. Para o consultor da Pactum, qualquer valor apontado é especulativo. ?Aquisições de grande porte são tratadas de forma sigilosa. Dificilmente os grupos deixariam vazar informações relativas ao valor?, afirmou Faust.
Segundo o consultor, a saída do grupo português do Brasil tem explicação. ?O foco do Sonae não é supermercado, e este ramo no Brasil está se concentrando nas mãos de poucos. Nesse sentido, o Wal Mart, para enfrentar o Pão de Açúcar, seu principal concorrente, não pode ficar parado?, afirmou. Para o consumidor, acredita Faust, a concentração dos supermercados nas mãos de poucos pode ser positiva. ?Quanto maior a escala de compra, maior a rede, o consumidor tende a ganhar não só com um melhor atendimento mas com um preço menor.? O consultor fez questão de frisar que as opiniões relativas à provável aquisição são apenas ?impressões?, uma vez que ainda não existe nada confirmado oficialmente.
Sonae
O Sonae chegou ao Brasil em 1990, quando comprou 50% da rede gaúcha de supermercados Real. Em 1997, adquiriu a totalidade do controle e no ano seguinte comprou o Cândia (SP) e o Mercadorama (PR). No Paraná, o grupo Sonae tem 36 unidades: nove lojas Big, 24 lojas Mercadorama, duas lojas Maxxi Atacado e um centro de distribuição, e emprega cerca de 8 mil pessoas. Em 2004, a rede faturou em todo o País – SP, PR, RS e SC – R$ 4,38 bilhões.
Já o Wal Mart chegou ao Brasil em 94, com a abertura do escritório central em Osasco (SP). Em 95, abriu três Sam´s Club, todos no Estado de São Paulo, e as duas primeiras lojas Wal-Mart Supercenter. Em Curitiba, há atualmente três unidades Wal-Mart e dois Sam?s Club. Em 2004, o faturamento da rede no Brasil foi de R$ 6 bilhões, o terceiro maior, atrás do Pão de Açúcar e do Carrefour.