Os bancos de pequeno e médio portes conseguiram recuperar boa parte das fontes de recursos e voltaram a emprestar praticamente o mesmo volume de dinheiro que giravam antes do agravamento da crise, em setembro, quando o banco de investimentos Lehman Brothers quebrou. Em março, o saldo das operações de crédito ainda estava 6,5% abaixo do registrado antes da crise. Segundo dados do Banco Central (BC), o resultado melhorou em maio e ficou apenas 0,6% abaixo do desempenho de setembro de 2008. “Não há mais nenhum problema de liquidez e foi resolvido o problema de credibilidade no setor”, analisa Renato Martins Oliva, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representas as instituições pequenas e médias.

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O congelamento do crédito produziu grandes efeitos sobre os bancos de menor porte. Para evitar consequências danosas ao segmento, que tem forte participação no financiamento de pequenas empresas e em operações como crédito consignado, o BC adotou uma série de medidas para garantir a retomada das captações – como a redução dos depósitos compulsórios, que liberou R$ 100 bilhões para o caixa dos bancos. Mas a redenção ocorreu mesmo em abril, com a criação do Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE). O instrumento dá garantia de até R$ 20 milhões aos investidores que aplicarem recursos nessas instituições. Isso deu segurança para que grandes aplicadores voltassem a pôr dinheiro nesses bancos, opção de investimento que havia sido completamente excluída no auge da crise. Desde então, foram captados R$ 9,5 bilhões com a garantia especial.

Para Rubens Sardenberg, economista-chefe da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), as medidas tomadas pelo BC no ano passado permitiram, num primeiro momento, a recomposição de caixa dessas instituições. Na sequência, os bancos voltaram a emprestar. Nessa retomada, o empréstimo consignado e o financiamento de veículos foram os primeiros beneficiados. Dados do BC mostram que a média diária de concessão de crédito consignado ficou em R$ 286 milhões em maio, valor 121% maior que o de dezembro. No caso dos carros, a média de novas operações somou R$ 212 milhões em maio, um salto de 58,4%. No mesmo período, a média das operações para pessoas físicas cresceu 16,3%. O desafio que se impõe agora aos bancos é a demanda ainda fraca, diz Sardenberg.

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