O volume total de dívidas no Brasil recuou 0,29% em janeiro, após ter avançado 2,75% em dezembro, indicando um menor apetite dos consumidores em contrair novas dívidas. Por outro lado, no entanto, a inadimplência cresceu 2,42%. A boa notícia, segundo o Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), é que os atrasos nos pagamentos avançaram em janeiro a uma taxa inferior à de 4,41% apurada no último mês de 2018.
Os segmentos que pesaram para a queda da inadimplência em janeiro foram os do comércio e comunicação, que registraram queda de 7%.
Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, o problema da inadimplência, que cresceu muito nos anos mais recentes, ainda está longe de ser resolvido. “Mas já se observa uma tendência de acomodação, que pode ser um prenúncio de melhora na capacidade de pagamento das famílias”, explica.
De acordo com ele, este cenário só deve mudar quando a retomada da economia for percebida de fato pelos consumidores. Ou seja, com a criação de novos empregos e o aumento da renda.
Em números absolutos, em janeiro o Brasil tinha 62,080 milhões de negativados. Ou seja, 40% da população acima de 18 anos encontrava-se com seus nomes sujos. No Sudeste, o número de negativados chegou a 26,5 milhões ou 40% da população adulta local. O contingente também é grande no Nordeste, com 16,7 milhões de inadimplentes ou 41% da população adulta.
No Sul são 8,3 milhões de consumidores com seus CPFs sob restrições ou 36% da população – a menor entre as regiões. Já no Centro-oeste, de acordo com a CNDL e SPC Brasil, o volume de negativados é de 5 milhões. No Norte, os negativados somam 5,6 milhões, sendo a maior proporção adulta local, com 46%.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor, que agora começa a livrar-se de dívidas atrasadas, deve cuidar para não voltar à inadimplência. “Não é baixo o número de consumidores que depois de sair do cadastro de negativados acaba retornando. Isso ocorre porque, em muitos casos, a inadimplência tem origem no mau uso do crédito e da falta de controle das próprias finanças. Nesses casos, é fundamental que haja disciplina para fazer a gestão dos ganhos e dos gastos, além de se reconhecer os limites do próprio orçamento”, orienta a economista.
Quanto à estimativa por faixa etária, a maior frequência de negativados continua entre os que têm de 30 a 39 anos. Em janeiro, mais da metade, ou 51%, da população nesta faixa estava com o nome inscrito em alguma lista de devedores, somando um total de 17,6 milhões.
Outro destaque é a proporção significativa de inadimplentes com idade de 25 e 29 anos (44%), da mesma forma que acontece na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, em que a proporção é de 33%. Já entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 17%.