Volks suspende demissões e greve acaba

A direção da Volkswagen decidiu suspender temporariamente as demissões já comunicadas a 1.800 funcionários da unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). Com isso, os quase 10 mil funcionários – em greve desde a última terça-feira – voltaram ao trabalho.

Com o fim da greve em São Bernardo do Campo (SP), a expectativa é que a produção nas outras unidades da Volks -inclusive em São José dos Pinhais – volte a se normalizar em breve. ?Caso não aconteça nada de diferente, a partir da próxima segunda-feira (dia 12), a produção aqui estará normalizada?, afirmou o coordenador da comissão de fábrica da Volks no Paraná, Gilson Batista. ?Hoje a linha rodou, mas com dificuldades?, comentou. A relativa demora se deve ao feriado prolongado – 7 e 8 de setembro -, quando os funcionários não irão trabalhar.

Por conta da falta de peças -produzidas na unidade de São Bernardo do Campo – a direção da empresa fechou acordo com os funcionários do Paraná e os dispensaram em dois dias de trabalho – quinta e sexta da semana passada. Também estavam previstas férias coletivas entre os dias 18 e 28 de setembro. Na unidade paranaense, a montadora tem como meta produzir 810 veículos por dia.

Trégua

Representantes do sindicato e da empresa se reuniram para tentar chegar a um acordo em relação às demissões na manhã de ontem, quando foi fechada a trégua.

A Volks não desistiu de seu plano de reestruturação, que prevê demissões e corte de direitos trabalhistas dos funcionários que permanecerem, mas decidiu abrir negociações com o sindicato e buscar alternativas.

As negociações devem continuar até a terça-feira da próxima semana (12), quando o sindicato voltará a realizar assembléia na fábrica de São Bernardo do Campo para decidir sobre os rumos da categoria.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijóo, disse que a suspensão da greve não foi um recuo da categoria. ?Não houve recuo na posição dos trabalhadores. A fábrica fez uma proposta de retomada das negociações e, em troca, suspendeu as cartas de demissões. Nós vamos retomar as negociações, conforme aprovado em assembléia?, disse ele.

Feijóo disse, no entanto, que espera que a montadora tenha uma boa proposta para apresentar. Segundo ele, se a fábrica quer uma negociação efetiva, ?tem que flexibilizar a sua postura e apresentar uma outra proposta?. Na assembléia, os trabalhadores decidiram não fazer hora extra durante o feriado de 7 de Setembro.

A Volks insiste que há a necessidade de reduzir o seu quadro de funcionários. A empresa pretende demitir, até 2008, 3.600 empregados. Representantes da Volks dizem que se não houver acordo, a montadora irá demitir 6 mil trabalhadores e ainda fechar a fábrica de São Bernardo do Campo.

Segundo a Volkswagen, as negociações com os trabalhadores continuarão até o fim da primeira quinzena deste mês. Entretanto, a assessoria de comunicação da empresa afirmou que os planos de cortar funcionários da fábrica de São Bernardo estão mantidos e o que se discute é a forma e os benefícios que os trabalhadores terão.

A empresa não comenta o impacto nas revendas de veículos com a greve ou a capacidade de o estoque garantir o abastecimento do mercado. O sindicato diz que o estoque suportaria mais uma semana de greve.

Crise

Em 3 de maio, a empresa anunciou que operava no vermelho e que faria uma reestruturação para manter investimentos no País. Na ocasião disse que cortaria os custos com produção em 25% e que poderia fechar uma unidade no País, sem informar qual.

Um mês depois a empresa confirmou que pretendia cortar em 4.000 e 6.000 funcionários até 2008. As quedas nas exportações foi o principal motivo apontado para a crise. A empresa estima perder 40% das vendas externas nos próximos dois anos.

Após negociação com o sindicato local, a Volks cortou 160 funcionários da unidade de Taubaté. Também ficou acertado que ela vai demitir mais 140 até dezembro e outros 400 até 2008. A unidade recebeu da empresa a garantia de investimentos e a produção de novo modelo na planta.

Em São Bernardo, a empresa e o sindicato não chegaram a um acordo. Há uma semana, representantes da montadora se reuniram com ministros que pressionaram por um acordo. O BNDES suspendeu a linha de crédito, já aprovada, de R$ 497,1 milhões até que um acordo seja fechado com o sindicato. A empresa ignorou a pressão e iniciou o processo de demissão com os avisos.

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