A Volkswagen está negociando com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista um novo lay-off (suspensão temporária dos contratos) para trabalhadores da linha de produção da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Segundo o presidente da entidade, Rafael Marques, a montadora diz ter um excedente de 2 mil funcionários na unidade que poderá ser afastado. A empresa não se pronunciou.

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“Ainda não está fechado, mas há fortes indícios de que vai haver um novo lay-off”, comentou o dirigente sindical em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, nesta segunda-feira, 22. Ele ponderou que pediu à montadora para esperar o lançamento do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que prevê a redução da jornada de trabalho com redução proporcional dos salários, para tomar a decisão. O governo prometeu lançar o programa até o fim de junho deste ano.

Na fábrica do ABC da Volkswagen, já há 220 metalúrgicos com contratos suspensos desde 1º de junho deste ano até outubro. Além deles, a montadora possui 370 trabalhadores em lay-off em Taubaté (SP), sendo 250 desde o fim de março e 120 desde o final de abril – em ambos os casos, por cinco meses. A empresa tem ainda 570 funcionários afastados na fábrica de São José dos Pinhais (PR) desde o começo de abril, também por cinco meses.

Mercedes

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Marques afirmou que o sindicato também recomendou à Mercedes-Benz a esperar o lançamento do PPE para decidir o futuro dos 1.750 metalúrgicos considerados excedentes em São Bernardo. Na fábrica, já há 250 funcionários em lay-off até setembro. No início de junho, cerca de 500 trabalhadores da unidade foram demitidos, sendo 330 por decisão da empresa e o 120 por meio de um programa de demissão voluntária (PDV).

PPE

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O dirigente sindical afirmou que os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, prometeram que o PPE será lançado até 30 de junho, por meio de Medida Provisória (MP). “Ele tem que sair. Nas negociações com as empresas estou partindo do pressuposto de que a proposta está praticamente finalizada”, comentou.

Marques explicou que as centrais sindicais reivindicaram 50%, mas o “mais provável” é que a MP preveja redução de até 30% da jornada de trabalho, com 15% do salário sendo compensado pelo governo, por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Os outros 15% serão tema de discussão entre os sindicatos e as empresas. “Não partimos do pressuposto de que o trabalhador vai ter alguma perda”, disse.

O dirigente sindical defendeu que, se o governo vai arcar com metade da redução salarial, a empresa deve ser a responsável por arcar com a outra metade. Marques lembrou que, durante a crise financeira de 2008, alguns sindicatos no Brasil fizeram acordos com as empresas para redução da jornada e que “todos os acordos eram metade/metade” entre as companhias e o governo.

Ele ressaltou ainda que, nos acordos de lay-off fechados entre o sindicato do ABC e as montadoras, as empresas complementam o salário do trabalhador. Ou seja, arcam com a diferença entre os R$ 1,3 mil pagos pelo FAT e o resto do salário do metalúrgico. “Não vai ser diferente no PPE. A ideia do programa é manter o funcionário trabalhando e a renda preservada para que o efeito da crise não se espalhe pela região”, argumenta.