Foto: Arquivo/O Estado |
Metalúrgicos em assembléia: aprovação da paralisação. |
Os funcionários da fábrica da Volkswagen no Grande ABC decidiram fazer greve por tempo indetermindo. A decisão ocorre depois que a Volkswagem distribuiu, ontem, 1,8 mil cartas de demissão a funcionários da sua fábrica em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Conforme a montadora, 500 dos que receberam as cartas estão no Centro de Formação de Empregados, seu centro de recapacitação de funcionários para o mercado de trabalho, e 1,3 mil atuam na fábrica Anchieta.
As cartas informam aos funcionários que a demissão será efetuada a partir de 21 de novembro, quando expira o acordo de estabilidade firmado com representantes da categoria. Os trabalhadores realizam agora assembléia no pátido da fábrica para decidir que atitude tomar diante das demissões.
A montadora anunciou na semana passada que, se os sindicatos não aceitarem o plano de reestruturação apresentado em maio, que prevê a demissão de cerca de 5.773 operários dos 22 mil que tem em todo o Brasil, poderá fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo, em São Paulo.
A empresa argumenta que sua competitividade foi prejudicada pela forte valorização do real frente ao dólar, que prejudicou suas exportações, e pelo aumento de custos em geral, por isso considera que a eliminação de empregos é ?inevitável?.
Os trabalhadores rejeitaram o plano de reestruturação, apesar de o fabricante de automóveis ter advertido que, nesse caso, fechará sua fábrica em São Bernardo do Campo, demitirá 6,1 mil dos cerca de 12 mil funcionários da empresa e realocará os restantes.
Na segunda-feira, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o governo só deverá liberar os recursos do empréstimo aprovado em abril à Volkswagen caso a montadora se comprometa a não fechar três das cinco fábricas operantes no País, entre elas a de São Bernardo do Campo.
A liberação dos R$ 497 milhões também foi condicionada a um acordo entre as duas partes, que diminua ao máximo o número de demissões.
Segundo os funcionários da fabricante, a empresa errou ao insistir em lançar modelos que não tiveram sucesso no mercado, e agora quer que os funcionários paguem por esses erros. Marinho disse esperar que a ameaça de fechamento da fábrica em São Bernardo do Campo não passe de uma forma de ?chantagem? para pressionar as negociações.
São José dos Pinhais
A medida tomada em São Bernardo do Campo não deve afetar a unidade em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. ?Aqui não muda nada. Pelo contrário: como a empresa não está conseguindo tirar a produção desejada, ela tem negociado o pagamento de horas-extras com os funcionários?, afirmou o coordenador da Comissão de Fábrica, Gilson Batista. Segundo ele, a produção média da empresa de 810 veículos por dia caiu para 730, aproximadamente. A redução, afirmou, ocorreu por conta das demissões entre o final do ano passado e o início deste dentro de um programa de reengenharia da Volkswagen. Ao todo, cerca de 400 funcionários foram demitidos na unidade paranaense, segundo Batista.