São Paulo (AE) – No ano mais conturbado de sua história, quando ameaçou fechar uma fábrica, a Volkswagen do Brasil volta a registrar lucro líquido, resultado que não se via no balanço financeiro da empresa desde 1997. As vendas ao mercado interno reforçaram o caixa da montadora, compensando perdas com exportações, prejudicadas pela valorização do real.

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A empresa refez a estratégia para os próximos anos e diminuirá a dependência das exportações, que vão ficar com 20% da produção, metade do que representava até 2005. Este ano a participação das vendas externas está em 30%. Outra decisão é fugir de empréstimos bancários, inclusive do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para ficar livre de dívidas com juros.

?Nossos próximos investimentos serão com recursos próprios, inclusive os R$ 2,5 bilhões anunciados para o período 2007/2011 que serão gastos em novos produtos?, disse o presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner.

A Volks encerrará o ano com vendas de 408 mil automóveis e comerciais leves, 16% a mais que em 2005, num mercado que vai crescer 11%. Para 2007, a projeção é de 440 mil unidades. Já as exportações caíram 21%, para 203,2 mil veículos. No próximo ano, vão baixar para 185 mil unidades. A empresa vai dedicar investimentos em novos carros para o mercado interno.

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?As vendas para o mercado doméstico foram saudáveis este ano, enquanto a margem com exportação caiu 68%?, disse Maergner ontem em sua última entrevista no cargo. Após 42 anos na companhia, três deles no comando da filial do Brasil, terceiro maior mercado mundial da Volks, Maergner vai se aposentar. Será substituído em janeiro pelo alemão Thomas Schmall, que já trabalhou na fábrica do Paraná.

Maergner não revelou o lucro líquido da empresa, seguindo diretrizes da matriz. Informou apenas que, em relação a 2003, quando teve seu pior resultado, a Volks apresentou melhora financeira de R$ 1 bilhão.

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O executivo de 61 anos deixa para o sucessor um acordo fechado com os sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de Taubaté que prevê 4.300 demissões até 2008 e redução de benefícios. Cortes também vão ocorrer no Paraná, mas ainda não foram negociados. Num cenário pessimista, até 6 mil vagas podem ser eliminadas, 25% do quadro atual. Nos últimos meses já saíram cerca de 1.800 pessoas, incluindo as que estavam no centro de formação profissional.

Novos modelos

As três fábricas de automóveis e comerciais leves da Volks no Brasil têm capacidade para produzir 720 mil veículos anualmente. Este ano, o volume ficará próximo de 600 mil unidades. O grupo também tem uma fábrica de caminhões e ônibus em Resende (RJ) e de motores em São Carlos (SP).

Maergner disse que, nos últimos três anos, a situação do País melhorou. A economia ficou estável, a inflação controlada, os juros caíram e a balança comercial teve superávit, cenário que reforçou as vendas internas em detrimento das exportações. Para 2007, ele prevê que o mercado interno fique em 1,9 milhão de carros. A Volks participará com 22,5% do mercado em 2006, com um crescimento de um ponto porcentual, disputando o segundo lugar no ranking.

A Volks prepara a versão reestilizada do Golf para 2007. Em 2008 e 2009 deve incluir em sua linha atual de 16 modelos um utilitário esportivo e uma nova família, com compacto e sedã, que deve manter o nome Gol.