A volatilidade no mercado internacional traz custos para os negócios, mas de certa forma é previsível e pode ser até considerada saudável, disse nesta quinta-feira (2) o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Ele afirmou ser importante a correção nos mercados internacionais, atribuindo essa volatilidade a alguns "exageros" de precificação ocorridos após um período de liquidez e crescimento prolongados.
Especificamente em relação ao impactos nos negócios do Brasil, o presidente do BC afirmou que turbulências como a atual sempre são negativas e geram custos. "Mas para o Brasil é melhor passarmos pelas turbulências hoje do que há poucos anos, pois hoje o país tem mais força para passar por esse tipo de turbulência", disse, acrescentando que hoje o mercado interno é mais sólido e menos dependente externamente, porque, entre outros motivos, acumula uma grande quantidade de reservas internacionais, sua inflação está ancorada na meta e o sistema fiscal está equilibrado.
De acordo com Meirelles, o Banco Central continuará adotando a política de acumulação de reservas internacionais. No entanto, ele ponderou que não existe uma meta para o patamar das reservas brasileiras. "Temos hoje uma política adequada e procuramos acumular reservas sem adicionar desnecessária volatilidade ao mercado", destacou, rebatendo rebateu as críticas de que os custos de manutenção das reservas são elevados. O presidente do BC ressaltou que as reservas em patamares elevados diminuem o risco país e, por conseqüência, o custo de captação de recursos, não só pelo governo mas pelas empresas.
Meirelles disse ainda que o arquivamento decidido pelo STF do processo contra ele, por supostas irregularidades fiscais e cambiais, trouxe-lhe tranqüilidade para "continuar trabalhando pelo País". "Havia segurança de minha parte de que nada de ilícito existia e isso ficou agora cabalmente comprovado", afirmou Meirelles. Segundo ele, a decisão coloca um ponto final no assunto. O presidente do Banco Central participou do seminário "Brasil 2020: Crescimento de Longo Prazo e Estratégia de Investimentos", realizado hoje em São Paulo.