O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou hoje que uma parte da volatilidade registrada pelos mercados financeiros em função da crise fiscal em alguns países da Europa deve diminuir até o fim do ano. “É difícil fazer previsões em termos de volatilidade de mercados que foram atingidos pelo problema da Grécia e pela falta de confiança na situação da zona do euro, mas isto voltará à normalidade nos próximos meses”, ressaltou. Kahn participou do 6º Fórum Globonews, em São Paulo.

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Questionado se uma parcela expressiva dos problemas da Grécia seria resolvida neste ano, Kahn foi categórico: “o problema da Grécia é de longo prazo, bem como o plano (de recuperação) estabelecido pelas autoridades europeias.” “Ninguém pode dizer que o problema vai ser resolvido este ano, mas parte de sua implementação ocorrerá ainda em 2010”, afirmou.

Plano de resgate

O diretor-gerente do FMI disse que “não há ameaça ao sistema do euro” em função da forte crise que atinge alguns países da Europa e provoca intenso nervosismo no mercado financeiro global. “É difícil para a Grécia fazer o que tem de fazer, mas (o governo) já adotou algumas decisões. Porém, ocorreram muitos erros no passado, não há outro jeito para eles”, afirmou.

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Kahn, no entanto, destacou que está confiante de que o plano de resgate da economia grega será bem sucedido, embora tenha ressaltado que deverá levar alguns anos para gerar resultados positivos. “Eu fiquei impressionado com a forma pela qual o governo explicou suas políticas ao povo. O (programa) que está sendo implementado foi muito planejado pelas autoridades europeias. Talvez precise de algumas mudanças para tornar-se mais crível. Eu penso que esse plano vai funcionar.”

Para o diretor-gerente do FMI, contudo, o problema maior da Grécia hoje é viabilizar a plena implementação do programa de ajuste da economia, pois a cada dia é preciso “um novo acordo” político para que as medidas passem a ser adotadas. “Não subestime o problema dos gregos”, ressaltou Khan. Segundo ele, o programa econômico que promove drástico ajuste fiscal é o único caminho para levar a economia do país à trajetória de desenvolvimento.

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Brasil no FMI

Strauss-Kahn afirmou ainda que é “uma ideia muito boa” ver uma autoridade brasileira dirigindo uma instituição de peso internacional como o FMI. “Isso não é só possível, como poderá ser o caso no futuro”, afirmou, embora tenha ressaltado que a instituição tem muitos países membros e diversos deles poderão se candidatar. Kahn destacou que hoje o Brasil está desenvolvendo dois papéis importantes no mundo. “Um deles é o econômico, pois o Brasil, como país emergente, tem um papel crescente”, comentou.

Questionado sobre se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria um bom nome para o cargo, Strauss-Kahn respondeu com bom humor. “Eu não acredito que ele postule essa posição.” Um outro papel do País é a liderança política, dado que o presidente Lula ganhou grande expressão internacional nos últimos dois anos, especialmente junto ao G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), a partir da deflagração da crise financeira internacional.

Kahn ressaltou que a liderança desempenhada por Lula partiu da confiança que o presidente desfruta em nível mundial, o que está relacionado com sua personalidade. Nos meios políticos, analistas internacionais apontam que Lula possui um perfil conciliador que estimula o diálogo e toma decisões com grande dose de bom senso.