Não há consenso entre os economistas sobre quando o dólar vai se estabilizar e ninguém se arrisca a dizer em que nível isso irá acontecer. Na semana passada, esperava-se que a visita ao Brasil do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O?Neill, contribuísse para isso e o dólar que chegou para a R$ 3,61 caiu para R$ 3, mas hoje (5) o dólar subiu 5,15% e fechou em R$ 3,165.
Para o presidente do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec), o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, ?a visita de O?Neill é importante, mas a situação só se normaliza depois que for assinado o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)?.
Já o ex-diretor da dívida pública do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, acredita que nem mesmo isso seria suficiente. ?O acordo com o FMI deverá sair e ajudar a conter pressões exageradas sobre a moeda como as da semana passada, mas não será suficiente para conter a alta do dólar?, disse Freitas.
Segundo Freitas, a redução da volatilidade da moeda americana no Brasil depende de variáveis como a volta da normalidade dos mercados internacionais, um programa de longo prazo para a economia brasileira e a solução do fluxo cambial ser caracterizado atualmente por saídas de dólares superiores às entradas de recursos. ?A pressão do dólar vai prosseguir até a definição do quadro eleitoral e a melhoria da situação externa? avalia.
Para ele, o Banco Central terá de elevar a taxa básica dos juros para aumentar os custos das instituições financeiras, que estão ?muito líquidas? e comprando quantidades elevadas de dólar com aposta na valorização da moeda.
Já Reis Velloso é mais otimista e acredita que o acordo com o FMI funcionará como uma âncora de credibilidade para o Brasil. ?Aí se pode esperar que as torneiras voltem a ser abertas e que entrem dólares para suprir o mercado e talvez para o Banco Central reduzir essa taxa de câmbio irreal?, afirmou.