Vírus contaminou rebanho, confirma Roberto Rodrigues

Piracicaba (AE) – O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, confirmou ontem que o rebanho da Fazenda Vezozzo, em Eldorado (MS), estava contaminado com o vírus O1 positivo, causador da febre aftosa. ?É um vírus pré-existente na região que engloba o Sul de Mato Grosso do Sul e o Paraguai. Portanto, está descartada qualquer suspeita de que seria uma mutação de outro vírus?, afirmou.

Rodrigues afirmou que, apesar de o agente infeccioso ser identificado numa região próxima ao Paraguai, não é possível dizer se o foco de febre aftosa em 140 animais na fazenda teria origem no país vizinho. De acordo com ele, o caminho agora é seguir a ?árvore de alternativas? para descobrir o motivo da contaminação na propriedade rural, que causou o embargo de quase toda a exportação de carne bovina brasileira durante esta semana.

A linha de investigação, a cargo da Polícia Federal (PF) e do Ministério da Agricultura, segue uma via de descartar possibilidades e apontar erros em procedimentos sanitários. Primeiro, é verificado se o rebanho foi vacinado ou não contra a febre. Se houve a vacinação, como asseguram os proprietários da fazenda, a direção seguinte é verificar a qualidade da vacina, se as doses aplicadas foram conservadas, adequadamente, e se a aplicação também foi feita de forma correta.

?Se algum procedimento obrigatório não foi feito corretamente, podemos apontar a causa do surgimento do foco?, disse. Rodrigues viaja hoje para Moscou, onde, na terça-feira (18), discutirá, com os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Rússia, Vladimir Putin, além de autoridades sanitárias dos dois países, o embargo russo anunciado às exportações brasileiras de carnes após o foco de aftosa.

O ministro da Agricultura considerou a decisão da Rússia de limitar o embargo apenas ao Mato Grosso do Sul ?mais racional? do que a tomada em 2004, quando o país suspendeu toda a compra de carne brasileira após o surgimento de um foco da doença no Pará, Estado que sequer faz parte do circuito exportador brasileiro. A Rússia é o país que mais compra carne do Brasil. De acordo com números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de janeiro a setembro, os russos compraram US$ 406 milhões em carne bovina in natura. O país também é grande comprador de carne suína e de frango. Depois da Rússia, Rodrigues vai a Parma (Itália) e Viena cidades nas quais fará palestras, e retorna ao País na quinta-feira (20).

O ministro passou o dia de ontem em Piracicaba, no interior de São Paulo, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), onde comemora os 40 anos de formado em Engenharia Agronômica. Para a festa, Rodrigues incumbiu-se de organizar o livro ?F 65, uma Turma de Ouro?, com o currículo dos colegas de turma, pedindo-os um a um. ?Foi difícil. Mandei vários ofícios, mas, para alguns, eu tive de ligar, pessoalmente, para solicitar os dados?, disse.

Sob a camisa social, Rodrigues vestia uma camiseta na qual era informado que a turma de 65 da Esalq era a mais ?sexy? de todas, uma vez que todos os ex-alunos são ?sexysagenários?. O ministro, que viveu momentos tensos durante a semana após as questões sanitárias e conflitos com a área econômica do governo, contratou uma escola de samba para animar a festa, que seguiria até o início da noite.

Mais de 30 caminhões barrados na fronteira com MS

Araçatuba (AE) – Mais de 30 caminhões, procedentes das Regiões Norte e Centro-Oeste, tiveram de retornar aos estados de origem entre a tarde de sexta-feira e a madrugada de ontem. Os veículos foram interceptados na barreira sanitária montada em Castilho (SP), na fronteira com o Mato Grosso do Sul e São Paulo. Outros dez caminhões carregados com bois vivos, do Frigorífico Frigo Estrela, de propriedade do deputado Vadão Gomes (PP-SP), tentaram romper o bloqueio, mas foram barrados.

Segundo os fiscais, os caminhões foram carregados quando a proibição valia apenas para a área de proteção no raio de 25 quilômetros de Eldorado (MS), onde foi localizado o foco de aftosa. ?Como os animais foram carregados fora dessa área, os motoristas entendiam que poderiam entrar em São Paulo, mas eles chegaram aqui quando a medida tinha sido ampliada para todo o Mato Grosso do Sul e, no entendimento da Defesa Sanitária, os caminhões não poderiam mesmo passar. Eles forçaram, mas depois concordaram em retornar?, afirmou um dos encarregados da fiscalização na barreira, Edson Sanches.

A entrada em São Paulo estava liberada para veículos de outros Estados que passassem por estradas do Mato Grosso do Sul, mas na manhã e na tarde de anteontem, os técnicos da Defesa Agropecuária paulista decidiram proibi-la porque as cargas poderiam ter sido infectadas pela aftosa. O resultado foi que, entre a tarde de anteontem e a madrugada de ontem, entre 20 e 30 caminhões vindos, principalmente, de Rondônia e Mato Grosso, que usaram a BR-262 para chegar a São Paulo, tiveram de retornar.

De acordo com a Defesa Agropecuária, os caminhões poderiam ter sido contaminados ao passar pelo Mato Grosso do Sul. ?Ao chegar aqui na barreira, as notas são carimbadas e determinado o retorno da carga?, disse Sanches. Segundo ele, a questão é que os caminhoneiros deveriam ter sido avisados, nos locais de origem ou ao entrar no Mato Grosso do Sul, que a fronteira com São Paulo está fechada.

?O jeito é voltar; fazer o quê? Vou avisar o patrão; se der, pego outra estrada?, afirmou o caminhoneiro Antônio Nazareno, cujo caminhão estava carregado com subprodutos animais de Cuiabá.

Policiais rodoviários abatem três bois a tiros em rodovia

Eldorado (AE) – Agentes da Polícia Rodoviária Federal abateram a tiros, ontem três bois que pastavam nas margens da Rodovia BR-163, entre Eldorado e Mundo Novo (MS), fronteira com o Paraguai. A região está interditada para o trânsito de animais, por causa do foco de aftosa constatado na Fazenda Vezozzo, em Eldorado. A PRF alegou que o abate foi feito em nome da segurança sanitária e de trânsito. Um policial que se identificou apenas como Kakanizawa, disse que os animais não poderiam ser removidos vivos para outro local, por causa do risco da aftosa. Segundo ele, a PRF está autorizada a abater animais soltos nas estradas e avisar à Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). Ele não sabia informar se o Iagro tinha sido avisado.

Moradores de um acampamento de sem terra da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), localizado nas proximidades, descarnaram os bois e levaram toda a carne. O produto foi distribuído entre as famílias. O dono dos bois, que não se identificou, chegou ao local quando só restavam as cabeças e as barrigadas. Até o couro tinha sido levado.

Ele disse que os bois escaparam na estrada porque alguém abrira a porteira do sítio. Segundo ele, os animais tinham sido vacinados contra a aftosa e estavam sadios. Ontem, começava a faltar carne em Eldorado por causa do surto de aftosa. A pedido da prefeita Mara Caseiro, (PDT), o Iagro autorizou abate no matadouro Folador apenas para abastecer os açougues locais.

De manhã, foram abatidos oito bois. Segundo o proprietário Eloi Nelson Folador, a carne seria entregue desossada. A comerciante Ivalete Dias, do Açougue do Jota, disse que a falta de carne só não era maior porque, desde o surto de aftosa, as vendas caíram quase 50%.

 

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