Vestuário volta a oferecer prazos do período pré-crise

A disputa entre as redes de varejo de vestuário pelo consumidor no final do ano está levando as redes a oferecerem carência para o primeiro pagamento semelhante ao período anterior à crise financeira internacional. Os prazos para pagar a primeira parcela chegam a 100 dias. Outro estímulo para a antecipação das compras de Natal é por meio do alongamento em até oito vezes nos parcelamentos das compras com os cartões próprios. Se a falta de crédito marcou a desaceleração das vendas há um ano, agora a oferta maior de financiamento passa a ser a arma das varejistas para estimular as vendas.

Segundo o presidente da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abeim), Sylvio Mandel, as empresas buscam antecipar as vendas do final do ano para o mês de novembro visando a melhorar o resultado consolidado do último trimestre. Além disso, é um período em que o fluxo de consumidores é menor nas lojas, o que facilita as compras. “Em dezembro, as vendas, naturalmente, dobram em relação aos outros meses do ano”, afirmou.

A previsão da Abeim é que o faturamento suba 6% apenas em dezembro na comparação com o mesmo mês do ano passado. “O final do ano deve marcar a recuperação do setor. As classes C e D devem puxar esse crescimento”, destacou. Mandel salientou que a carência no pagamento é uma alternativa à concorrência frente aos eletrodomésticos nos gastos dos consumidores, que tiveram suas vendas incentivadas pela redução do IPI.

A rede especializada em moda feminina Marisa passou a veicular propaganda oferecendo a condição de 100 dias para o primeiro pagamento das compras e a possibilidade de parcelamento em oito vezes no cartão próprio, com juros de 5,9% ao mês. Entre as redes varejistas de capital aberto, que divulgam seus balanços, a Marisa foi a única a registrar vendas no conceito mesmas lojas em queda, de 0,3%, no terceiro trimestre.

A Riachuelo, que apresentou um crescimento de 5% nas vendas no conceito mesmas lojas no terceiro trimestre na comparação anual, está oferecendo em novembro a possibilidade do pagamento em oito vezes sem juros no cartão próprio. A empresa também disponibiliza aos seus clientes a condição de carência de 100 dias, mas com juros. “Queremos antecipar as compras visando a evitar o gargalo físico do final do ano, quando aumenta o movimento”, disse Flávio Rocha, presidente da Riachuelo.

Outra varejista que adotou postura parecida foi a Lojas Renner, que até o dia 17 de dezembro oferece a condição de 60 dias para o início do pagamento. As compras podem ser realizadas em cinco vezes sem juros, ou em até oito vezes, com juros de 5,9% ao mês. O diretor de Relações com Investidores da Lojas Renner, José Carlos Hruby, prevê uma taxa de crescimento na comparação anual superior às observadas ao longo do ano nas vendas da companhia no último trimestre deste ano.

Os planos de pagamento com carência foram abolidos durante o período mais agudo da crise financeira internacional, diante da preocupação das redes de varejo em relação à inadimplência dos consumidores. Durante a crise, as varejistas também elevaram os juros das prestações, que subiram para uma média de 6,9% ao mês.

Em estudo encomendado pela rede Marisa, a consultoria LCA estima que o faturamento dos segmentos de tecidos, vestuário, calçados e artigos de cama, mesa e banho cresça 15,5% no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Já em termos de volume de vendas, a perspectiva é de um aumento de 8,7%.

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