Brasília (ABr) – A Venezuela começa a fazer parte do Mercosul oficialmente a partir de hoje, quando haverá uma reunião em Caracas para formalizar a adesão, com a presença dos presidentes dos quatro países membros: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O bloco passará a ter 250 milhões de habitantes, área de 12,7 milhões de quilômetros quadrados e um produto interno bruto (PIB) de US$ 1 trilhão, 76% do total da América do Sul.
Estes dados, fornecidos pelo Itamaraty, fazem da Venezuela um país fundamental para a consolidação do mercado comum sul-americano, segundo o diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), José Flávio Sombra Saraiva. ?A Venezuela é o terceiro mercado da América do Sul, um mercado produtor e consumidor importante. Dessa forma, amplia-se a sua capacidade e presença no contexto do processo de integração sul-americana.?
O professor considera a adesão da Venezuela fundamental pelo fato de o país ser uma potência energética. Na próxima reunião do G-8, este mês, na Rússia, o tema central será a crise energética mundial, diz ele. ?As guerras que se debruçam sobre a sociedade mundial contemporânea são em torno de recursos naturais. Há limites para o abuso das fontes energéticas. É uma dimensão estratégica especial que a América do Sul precisa cuidar.?
Saraiva acrescenta que a adesão significa uma oportunidade para ampliação de mercado. ?O Brasil, durante muito tempo, esteve de costas para a Venezuela e muito dedicado às relações com a região do Prata, com a Argentina em especial.?
Para o pesquisador, é impossível pensar num processo de integração da América do Sul para os próximos 50 anos sem as economias mais importantes da região: Brasil, Argentina e Venezuela. ?É um triângulo estratégico, econômico, muito importante. E a aproximação da Venezuela agrega mais do que retira possibilidades do processo de integração.?
Saraiva admite que, a curto prazo, a personalidade polêmica do presidente Hugo Chávez pode criar dificuldades na relação da Venezuela com os países do Mercosul. Mas considera que a participação desse país no processo de integração ?é importante com ou sem Chávez?.
Benefícios
A entrada da Venezuela no Mercosul vai aumentar as possibilidades de negócios para os empresários do Paraná. O país vizinho oficializa hoje o ingresso no bloco econômico. Na avaliação do governo do Estado, a integração dos venezuelanos ao Mercosul vai beneficiar principalmente as empresas do Paraná, já que o governador Roberto Requião saiu na frente na integração do Estado com o país ao assinar neste ano diversos acordos com o presidente Hugo Chávez.
?Isso vai beneficiar empresas de todo o Brasil, com destaque para as do Paraná, pois começamos antes essa integração?, avalia o coordenador de Assuntos do Mercosul da Secretaria Estadual da Indústria e Comércio, Santiago Gallo, que vê boas oportunidades para os setores de máquinas e equipamentos industriais, sementes e implementos agrícolas, pecuária e agricultura de modo geral.
