Vendas industriais há três meses em queda

As vendas da indústria registraram queda pelo terceiro mês consecutivo em setembro, segundo o boletim ?Indicadores Industriais?, divulgado ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Esse desempenho, segundo a confederação, é reflexo do menor nível de atividade da economia.

De acordo com os dados do boletim, as vendas do setor apresentaram queda de 1,07% em setembro na comparação com o mesmo mês de 2004. Já na comparação com agosto, a queda foi de 0,47% – em agosto e julho, as quedas mensais foram de 1,02% e 0,60%, respectivamente.

Para Flavio Castelo Branco, coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, o arrefecimento foi maior do que o esperado e serve de ?alerta?. ?A intensificação ao longo do trimestre foi um pouco surpreendente?, disse.

Para a entidade, um dos motores para o crescimento do faturamento das empresas foi a concessão de empréstimos consignados – desconto em folha. Como essas concessões estão em queda, isso terá um impacto negativo sobre as vendas das indústrias. No segundo trimestre do ano, elas chegaram a R$ 2,15 bilhões. Já no terceiro trimestre as concessões recuaram para R$ 2,01 bilhões.

Além disso, o índice de utilização da capacidade instalada caiu de 84,1% em setembro de 2004 para 80,7% em setembro deste ano.

Considerando o índice dessazonalizado, o nível de utilização da capacidade instalada caiu de 83,6% para 80,1% no mesmo período. A CNI destaca que esse indicador recuou para o seu menor nível desde o registrado no último trimestre de 2003.

No entanto, esse recuo não é apenas desaquecimento, mas também a maturação de investimentos feitos anteriormente. Isso porque, apesar da menor utilização da capacidade, as horas trabalhadas apresentam alta – cresceram 1,97% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado. ?Com certeza existe um ponto muito importante que é a maturação de investimentos?, disse Paulo Mol, também da Unidade de Política Econômica da CNI.

O único dado positivo do boletim, na avaliação da CNI, foi a variação da massa salarial da indústria, que teve crescimento de 7,43% em setembro. Com isso, os salários no setor completam 9 trimestres de altas consecutivas. No ano, a massa salarial apresenta uma alta de 8,76%.

De acordo com Mol, esse aumento não irá gerar pressão inflacionária porque o nível de utilização da capacidade instalada já não se encontra em níveis recordes, como no ano passado. ?Pressão inflacionária é algo que a gente nem considera agora.? A CNI voltou ainda a criticar o nível elevado da taxa de juros e a valorização do real frente ao dólar, que, nos 12 meses encerrados em setembro, foi de 20,6%. 

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