As vendas no comércio varejista devem crescer entre 5% e 6% neste ano, prevê o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior. A estimativa considera apenas o volume de vendas a prazo de produtos de baixo e médio valor agregado.
Se a projeção se confirmar, as vendas devem ter um aumento inferior ao registrado no ano passado, que foi de 6,75%. “O nível de comprometimento da renda do consumidor permanece em um patamar bastante elevado”, afirmou o dirigente. Já o PIB do comércio, segundo a CNDL, deve aumentar 5%, também menos que os 8,4% verificados no ano passado.
“Todas as molas propulsoras do crescimento já apresentam sinais de arrefecimento”, afirmou Pellizzaro Júnior. “E o pior dos sinais, a inflação, continua corroendo o salário do trabalhador e não dá nenhum sinal de trégua.”
Para o dirigente, é hora de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevar a taxa básica de juros. “Sou contra o aumento de juros, mas tem horas que o remédio, mesmo amargo, tem que ser tomado para não comprometer mais na frente”, afirmou. “Acho que, em certas ocasiões, pelo bem da moeda nacional, é necessário que o BC faça isso para que, lá na frente, não tenhamos que tomar um remédio mais pesado.”
Fevereiro
O volume de vendas a prazo no comércio cresceu 11,23% na comparação com fevereiro de 2012, o melhor resultado dos últimos dez meses. Segundo Pellizzaro Júnior, o resultado foi bom, mas deve ser visto com ressalvas. “Não dá para dizer que o comércio está bombando, porque foi um mês muito atípico. Em março, provavelmente teremos um número mais pé no chão”, afirmou.
Apesar do crescimento de 6,65% na comparação com fevereiro de 2012, a inadimplência já apresenta uma tendência de queda, segundo o dirigente – em dezembro ante dezembro de 2011, a alta havia sido de 13,80%, e em janeiro na comparação com janeiro de 2012, o indicador havia aumentado 11,80%.
“Desde setembro, todos os agentes têm tido mais seletividade na concessão do crédito. Todos os índices já mostram isso”, afirmou. Segundo o dirigente, essa seletividade tem ajudado o consumidor. “Ao passar a ser mais criterioso, aos poucos, sobram mais recursos para o brasileiro, que os utiliza para limpar seu nome”, disse. Segundo o dirigente, o brasileiro é um bom pagador, mas é desequilibrado. “Ele não se programa para comprar”, explicou.
Desde janeiro, a CNDL mudou o indicador de inadimplência e passou a considerar, para efeitos de cálculo do índice, atrasos superiores a 30 dias. Antes, somente os atrasos que superavam 60 dias entravam na base de cálculo. Os indicadores da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) levam em conta mais de 150 milhões de consumidores cadastrados em 800 mil pontos de venda em todo o País.