As vendas do comércio no Paraná cresceram 11,29% no ano passado em relação a 2003. É o melhor desempenho desde o início da pesquisa, em 2000. Os segmentos que apresentaram os melhores resultados no ano foram móveis e eletrodomésticos, com crescimento de 29,42%, hiper e supermercados (11,52%), tecidos, vestuário e calçados (7,40%) e combustíveis e lubrificantes (3,84%). Para este ano, a expectativa é de novo crescimento das vendas do comércio, mas em patamares menores.
?O crescimento de 2004 foi resultado, em parte, do acúmulo de anos anteriores, quando as vendas ficaram próximas de zero?, apontou o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), Cid Cordeiro. Conforme levantamento do Dieese-PR, em conjunto com a Federação dos Trabalhadores do Comércio Paranaense e o Sindicato dos Comerciários de Curitiba, em 2001, as vendas apresentaram queda de 0,89%. Em 2002, houve nova queda, de 0,69%. Já em 2003, houve uma pequena recuperação, de 0,87%, e em 2004, alta de 11,29%. ?Entre 2001 e 2003, o comércio deixou de crescer 15,76%. Em 2004, o setor começou a se recuperar?, analisou Cid.
Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários de Curitiba, Ariosvaldo Rocha, os fatores que determinaram o bom desempenho do comércio no ano foram o aumento do volume de crédito (22%), taxa de juros menor, aumento da renda familiar e redução da inadimplência. ?Aumentou a confiança do consumidor?, resumiu o economista Cid Cordeiro. Para ele, apesar da taxa de juros elevada, ela ainda foi menor em 2004 na comparação com 2003, o que facilitou as vendas. ?Os juros do crédito pessoal passaram de 91,40% em 2003 para 74,15% em 2004. Ainda é uma taxa elevada, mas menor?, apontou Cid Cordeiro.
Para ele, a novidade mesmo ficou por conta das vendas de Natal. Enquanto o setor projetava crescimento de 10% a 11% nas vendas em relação ao ano anterior, o que se viu no Paraná foi um acréscimo de 15,32% – desempenho acima da média nacional, de 11,43%. ?Já dizíamos que seria o melhor Natal dos últimos anos, mas o resultado de 15,32% veio bem mais forte do que o esperado?, comentou Cid.
Expectativa
Para este ano, a expectativa é que as vendas no comércio continuem crescendo, mas em patamar menor. ?Existem duas variáveis fundamentais: a renda e a taxa de juros. Em 2004, a renda aumentou, mas muito lentamente. Em 2005, deve ter um crescimento maior. Já a taxa de juros este ano está em patamares mais elevados, mas por enquanto ainda não está afetando o consumo?, apontou Cid Cordeiro.
Segundo o economista, a tentativa do governo em frear o consumo – e por conseguinte a inflação – através da elevação da taxa básica de juros (Selic) tem resultados duvidosos. ?O consumidor olha mais o valor da prestação do que a taxa de juros que ele paga, e isso é ruim. Além disso, existem outras fontes de crédito a juros menores?, afirmou, referindo-se a créditos imobiliários e para aquisição de eletrodomésticos.
Para o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, em 2005 os bens duráveis (móveis, eletros e veículos), que tiveram boas vendas no ano passado, devem dar lugar a bens de consumo, como vestuário e alimentação. ?Depois que as pessoas compraram bens duráveis, a tendência é que elas passem a consumir outros produtos?, explicou ele.